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Fato em Foco

Casos polêmicos retomam discussão da eutanásia na França

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A semana na França foi marcada pela discussão da eutanásia, por causa de dois casos marcantes. O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos negou o direito à eutanásia para Vincent Lambert, 38 anos, em estado vegetativo há quase seis. A família se dividiu em dois campos: um pela manutenção em vida do francês e outra pelo fim dos tratamentos que o mantém em vida. Outro caso foi o do médico Nicolas Bonnemaison, absolvido das acusações de que teria encurtado a vida de sete pacientes em estado terminal.

A prática da eutanásia é proibida na França.
A prática da eutanásia é proibida na França. researchers.inc
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Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (26), revela que 89% dos franceses são favoráveis a uma lei que permita a eutanásia. E entre as pessoas com mais de 65 anos, 98% são a favor de uma legislação que autorize a prática.

O instituto BVA, autor do levantamento, aponta que os franceses são unânimes na questão há muito tempo, lembrando um estudo de 1987, quando 85% já se diziam favoráveis à ideia “de que um doente deve receber ajudar se quiser morrer”.

Para Philippe Loheac, delegado-geral da ADMD (Associação pelo Direito de Morrer com Dignidade), a resistência da França em adotar tal legislacao tem fatores culturais, como a influência de extremistas católicos. Ele lembra a grande mobilização contra o casamento gay no ano passado. Apesar das manifestações e do barulho, a lei foi aprovada, enquanto que na Inglaterra, uma legislação similar foi votada sem problemas.

“Há uma minoria extremista fanática na França que é muito virulenta - pequena, mas com recursos financeiros”, explica Loheac. “A classe política tem medo dessa minoria que não representa ninguém, mas que promete uma espécie de paraíso que amedronta os políticos”, acrescenta.

Falso moralismo

No Brasil, o advogado criminalista Elias Mattar Assad defende a médica Virginia Soares de Souza, acusada de abreviar a vida de sete pacientes em estado grave de um hospital de Curitiba. Em um caso com bastante repercussão no país, ela chegou a ficar presa um mês em 2013, mas agora responde em liberdade. Para o jurista, a falta de uma legislação pró eutanásia no Brasil também tem a ver com interesses políticos e de grupos religiosos.

“No Brasil, existe um falso moralismo, os políticos não expõem suas ideologias de forma clara. Eles estão preocupados em ganhar votos”, diz o advogado. “Por medo de se indispor com as bases religiosas, os políticos evitam abordar assuntos polêmicos, como aborto, mesmo terapêutico, ou eutanásia”, acrescenta.

O jurista acredita que é o momento de se discutir se a ciência deve prevalecer, se o pensamento lógico-racional deve se impor. “Ou vamos novamente tratar de impor crenças”, sentencia.
 

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