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França/Economia

Jornais analisam intervenção do Estado francês na venda da Alstom

O principal tema analisado nesta segunda-feira (23) pelos jornais franceses é a decisão do governo de entrar no capital do grupo Alstom, que recentemente se aliou ao gigante americano General Electric. O anúncio foi feito no domingo à noite pelo ministro da Economia, Arnaud de Montebourg. O Estado chegou a um acordo com o grupo Bouygues, que vai lhe emprestar e possivelmente vender em um futuro próximo sua participação de 20% no capital da Alstom.

Capa dos jornais franceses Les Echos, Le Figaro e Libération desta segunda-feira, 23.
Capa dos jornais franceses Les Echos, Le Figaro e Libération desta segunda-feira, 23.
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Para Le Figaro, essa decisão "muito política" pode custar dois bilhões de euros ao Estado francês. O jornal conservador afirma que o ministro da Economia conseguiu que o governo francês entrasse no capital de Alstom à custa de ameaças e intimidações.

Le Figaro considera que a venda do setor de energia da Alstom para o grupo americano General Electric foi um grande fracasso para o governo socialista do presidente François Hollande, que era contrário à transação. O jornal acrescenta que a legislação já defende os interesses franceses no que diz respeito à exploração da energia nuclear, e que é desnecessário que o Estado entre no capital da empresa, e gaste até 2 bilhões para controlar 20% do conglomerado."Nesses tempos de penúria, seria pagar muito caro somente para satisfazer o ego de um ministro", alfineta Le Figaro.

O jornal conclui dizendo que as ações do ministro da Economia pioram a imagem da França aos olhos dos investidores estrangeiros.

Gesto político

Já o jornal especializado em economia Les Echos fala do fim da "novela Alstom". Em seu editorial, o diário afirma que a exigência do Estado de que Bouygues cedesse sua participação no grupo Alstom não era necessária. "Mesmo sem ser acionista, o Estado provou nesse caso que podia influir nas negociações", escreve o jornal.

"Então por que gastar dois bilhões para comprar um lugar no conselho de administração de uma empresa privada que não vai beneficiar desse dinheiro?", pergunta Les Echos. "Trata-se de um gesto puramente político para tentar provar a tese de que quando o Estado quer, ele pode", responde o editorial, alertando que essa imagem de que o Estado é a salvação é um engano. Além disso, diz Les Echos, o governo francês colocou sob vigilância um grupo que acaba de se aliar a um dos gigantes do capitalismo mundial, o que vai com certeza afugentar outras empresas estrangeiras que poderiam investir na França.

Equilíbrio de forças

Por sua vez, o jornal progressista Libération entrevistou um professor de economia que critica a política industrial francesa. O problema do intervencionismo francês, diz o especialista Alexandre Delaigue, é que ele consiste em preservar o que já existe, e que a opinião pública pode ver, em vez de favorecer a emergência de novas empresas.

Libération também ouve um sindicalista que exprime a preocupação dos empregados da Alstom com o novo equilíbrio de forças dentro do grupo, já que agora as decisões mais importantes serão provavelmente tomadas nos Estados Unidos, sede da General Electric. "O poderoso gigante americano queria colocar um pé na Europa, mesmo tendo que fazer concessões. Para os empregados da Alstom, ele teria conseguido isso", conclui o jornal.

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