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Fato em Foco

Copa é ocasião para mais aproximação diplomática do Brasil com países

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O Mundial de futebol leva centenas de milhares de torcedores estrangeiros ao Brasil, entre eles alguns que querem um pouco mais do que acompanhar o desempenho em campo da equipe nacional. A Copa é também diplomática: cerca de 20 reis, chefes de Estado e de governo vão passar pelo país durante o evento, uma ocasião para o Brasil estreitar os laços com outras nações.

Presidente Dilma Rousseff durante declaração à imprensa, antes do jantar de trabalho com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, durante a Copa.
Presidente Dilma Rousseff durante declaração à imprensa, antes do jantar de trabalho com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, durante a Copa. Roberto Stuckert Filho/PR
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Desde a abertura da competição, já estiveram no país a chanceler alemã, Angela Merkel, o vice-presidente americano, Joe Biden, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, além da maioria dos líderes latino-americanos e vários presidentes africanos. Nos próximos dias e até o final da Copa, ainda passarão pelo Brasil o rei e o premiê da Bélgica, o príncipe de Mônaco e os presidentes e primeiros-ministros dos países que integram o grupo Brics, que se estendem em solo brasileiro para participar da cúpula dos emergentes, no dia 15 de julho.

Na opinião do ex-embaixador Luiz Augustro de Castro Neves, presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, cabe à presidente Dilma Rousseff saber conduzir as reuniões bilaterais para conseguir avançar nos temas prioritários na agenda com cada país.

“Resta saber se há a vontade política dos visitantes, de um lado, e sobretudo do lado brasileiro, de utilizar o evento para estreitar relações. Como o propósito formal é assistir à Copa do Mundo, eu não acredito que surgirá uma iniciativa de grande substância. Não vai”, destaca. “Mas certamente ajuda a uma exposição maior da presidente da República, que não é muito afeita às relações internacionais.”

Nem todos mandam

Castro Neves destaca que entre os convidados de honra, muitos não têm poder de decisão. Com esses, os diálogos não vão ir muito além dos comentários protocolares sobre a Copa e as impressões genéricas sobre o Brasil. “A visita do príncipe de Mônaco ou do rei da Bélgica é uma visita essencialmente protocolar, porque eles são pessoas protocolares, que não vão discutir nada maior. Os chefes de Estado e de governo é que podem ter conversas mais proveitosas.”

Outro diplomata, o economista Marcos Troyjo, professor de Columbia e do Ibmec, considera que, independente dos resultados concretos dessas dezenas de encontros, a Copa do Mundo vai ajudar a projetar o Brasil no exterior.

“O Brasil está extremamente comentado na imprensa internacional por razões boas, como pela alegria do campeonato, e ruins, pela falta de infraestruturas e uma parte dos protestos violentos. Mas eu acho que no frigir dos ovos, o saldo vai ser positivo para o Brasil e para a imagem do país no exterior”, analisa. “Essa Copa do Mundo está oferecendo uma boa plataforma de projeção externa para o Brasil.”

Espionagem em pauta

Na reunião com Angela Merkel, Dilma pôde tratar sobre um tema que une o Brasil à Alemanha, a reação à espionagem internacional protagonizada pelos Estados Unidos. Também a negociação do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul foi abordada pelas duas líderes.

A Copa também propiciou a primeira reaproximação de Brasília com Washington depois do escândalo das escutas ilegais, com a vinda de Joe Biden ao país para o primeiro jogo dos americanos na Copa, seguido de uma reunião bilateral com a presidente.

Brics

Mas na opinião de Troyjo,o melhor ainda está por vir: a cúpula dos Brics, que se inicia em Fortaleza dois dias depois do encerramento do Mundial.

“Nós vamos ter a visita do presidente russo, do premiê chinês e do novo primeiro-ministro indiano. Isso terá um significado muito importante porque existe toda a evidência de que os Brics vão constituir um banco de desenvolvimento com um capital inicial de U$S 50 bilhões, e vão formalizar um acordo de reserva de contingência, que permite que, em caso de crise de liquidez, cada um dos países possa recorrer a esse fundo para saudar obrigações de curto prazo”, explica o professor.

Os dois especialistas concordaram que as vaias à presidente brasileira na abertura da Copa não afetam a imagem dela no exterior: apenas confirmam que a líder enfrenta um mau momento na política interna.
 

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