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Fato em Foco

Relatório que culpa pilotos marca cinco anos do voo AF447

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Na noite de 31 de maio de 2009, o voo AF447, com 228 passageiros a bordo, deixava o Rio em direção a Paris. Eles jamais chegariam a seu destino. Cerca de três horas depois da decolagem, uma série de incidentes técnicos resultaram na queda do Airbus330 da Air France no meio do oceano Atlântico.

Na porta da Igreja Nossa Senhora da Paz, no Rio de Janeiro, José Macario e Maria Esther exibem cartaz com a foto do filho, Carlos Eduardo de Mello, e da mulher, Bianca Cota, mortos na queda do avião.
Na porta da Igreja Nossa Senhora da Paz, no Rio de Janeiro, José Macario e Maria Esther exibem cartaz com a foto do filho, Carlos Eduardo de Mello, e da mulher, Bianca Cota, mortos na queda do avião. REUTERS/Ana Carolina Fernandes
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Neste fim de semana, no Brasil e na França, duas cerimônias acontecem em memória às vítimas do acidente. No Rio de Janeiro, serão colocadas flores no monumento construído no Alto Leblon, e na França, uma homenagem acontece às 15h do sábado no cemitério Père Lachaise, em Paris. As Associações dos Familiares das Vítimas, entretanto, não escondem sua decepção em relação ao último documento divulgado pela Justiça francesa, no processo penal contra a Airbus e a Air France.

O relatório, encomendado pela Airbus e aceito pela juíza francesa Sylvia Zimmerman, foi divulgado há cerca de duas semanas. Ele determina que o acidente ocorreu por falha humana e que a responsabilidade é dos pilotos, que não tiveram as reações  "apropriadas" que possibilitariam salvar a aeronave.

Uma conclusão que revolta os familiares e até mesmo a companhia aérea, que considerou o documento unilateral. O próprio BEA, a agência civil francesa, responsável pela investigação do acidente, concluiu em seu relatório final divulgado em 2012 que o acidente não teria ocorrido se os sensores Pitot, que medem a velocidade do avião, tivessem funcionado corretamente.

No voo 447, o congelamento desses sensores provocou uma sucessão de panes que levaram à desestabilização do avião, que acabou caindo. Os pilotos também não ouviram o alarme de perda de sustentação, o que levou a agência a incluir uma recomendação no relatório final propondo a instalação de um sinal visual, além do sonoro, no cockpit.

"É preciso indiciar pessoas físicas, para que elas respondam pessoalmente pelos seus erros neste caso. Como você sabe, todo mundo se esconde atrás dos cadáveres dos pilotos. É a melhor opção para todos!", diz o ex-piloto da Air France Gérard Arnoux, representante das famílias brasileiras na França.

A Associação francesa das Vítimas, Entraide et Solidarité AF447, pretende entrar com um recurso na Justiça em julho. Uma audiência está prevista no Palácio de Justiça de Paris, explica um de seus membros, Laurent Lamy. "Como parente de uma das vítimas, eu não posso aceitar esse relatório. Vamos pedir aos advogados que ele seja anulado, agora eu não sei se essa é a melhor opção, mas eu acredito que não há outra solução além de pedir que ele seja anulado."

O presidente da Associação Brasileira das Vítimas do AF447, Nelson Marinho, concorda. "Este relatório mostra, parodiando De Gaulle, que a França não é um país sério". Ele também pretende lançar uma ação paralela no país para contestar a responsabilidade da Airbus, acusada de negligência. Elas alegam que o excesso de automatização do avião foi responsável por vários incidentes envolvendo as aeronaves do fabricante.

Famílias lançam livro de memórias

Para lembrar os cinco anos do acidente, as famílias das vítimas pretendem lançar no fim de julho um livro reunindo depoimentos e fotos dos passageiros mortos no acidente. A brasileira Deborah Barochel Pereira Leite, que mora em Munique e está ajudando a organizar a publicação com a Associação Alemã das Vítimas, explica que o livro será restrito aos familiares e não será colocado à venda. "O livro não terá fins comerciais. Trata-se de uma homenagem póstuma aos nossos entes queridos, com uma tiragem limitada."

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