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Ciência e Tecnologia

Paleontólogos brasileiros descobrem crocodilo pré-histórico

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Uma dupla de paleontólogos brasileiros descobriu uma nova espécie de crocodilo, que viveu há pelo menos 70 milhões de anos atrás. A descoberta ainda é mais surpreendente porque, dentro dos restos da barriga do bicho, os cientistas encontraram um outro crocodilo menor.

Esqueleto do Aplestosuchus sordidus, crocodilo pré-histórico do período Cretáceo, fóssil descoberto  na região de General Salgado, no noroeste do Estado de São Paulo.
Esqueleto do Aplestosuchus sordidus, crocodilo pré-histórico do período Cretáceo, fóssil descoberto na região de General Salgado, no noroeste do Estado de São Paulo. plosone.org
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O crocodilo da época dos dinossauros foi achado no município de General Salgado, a 545 quilômetros de São Paulo, e  batizado de Aplestosuchus sordidus (crocodilo insaciável sórdido). A pesquisa foi publicada na revista especializada PLos ONE. O animal pré-histórico, segundo os pesquisadores, media 2,3 metros de comprimento, e a presa, 55 centímetros.

A região, diz o palenteólogo Max Langer, um dos responsáveis pela descoberta, é rica em fósseis. A equipe já fez outras descobertas importantes, mas é a primeira vez que um animal é achado dentro do outro.

"Já sabemos quais são as rochas onde existem fósseis e fazemos uma varredura, andando mesmo, olhando, encontrando vestígios e fragmentos. Neste caso, achamos uma parte do crânio, com o focinho apontando. Foi aí que fizemos a escavação para retirar o esqueleto. Naquele momento, não tínhamos a menor ideia que tinha um bicho na cavidade abdominal do outro", explica Max.

De acordo com ele, as duas espécies de crocodilos são diferentes, o que descarta a hipótese de canibalismo. Esse dado ajudou a equipe a analisar a cadeia alimentar na época do chamado período Cretáceo. "Trata-se de um animal mais terrestre do que os jacarés atuais. Ele era mais ativo, com os dentes achatados lateralmente" descreve Langer. A presa, diz o paleontólogo, era provalvelmente um crocodilo onívoro, o que não existe atualmente.

A grande novidade da descoberta, explica Langer, é "o fato de um ter se alimentado do outro", e não a espécie em si, já que o grupo já era conhecido. "O mais impactante é que este foi o primeiro caso em que conteúdos estomacais de um jacaré fóssil foram identificados." Na verdade, ele ressalta, tudo o que os jacarés comem é digerido no estômago,  extremamente ácido. "Como a digestão é muito rápida, é muito difícil haver a preservação de qualquer coisa."

Retirada de fósseis levou mais de um ano

O estudo também é assinado por Pedro Godoy, mestrando da USP de Ribeirão Preto. Ele conta que, entre a descoberta e a confirmação de uma nova espécie foi necessário quase um ano. Um trabalho minucioso e de extrema paciência. "Para conseguir preparar e retirar o material, no caso o corpo inteiro do bicho, é demorado. O bloco rochoso tem entre um e dois metros e depois desse tempo de preparação procuramos na literatura se existe um caso parecido e só então escrevemos o artigo científico."

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