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Linha Direta

Manifestações antichinesas no Vietnã prejudicam relações entre os dois países

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Uma onda de manifestações antichinesas no Vietnã prejudica as relações entre os dois países. Nesta semana, protestos contra a vizinha China em uma zona industrial do sul do Vietnã culminaram no incêndio de fábricas, deixando mortos e feridos. Como pano de fundo da crescente hostilidade entre os dois países está a exploração de petróleo nas águas das ilhas Paracel, reivindicadas por ambos, mas sob controle chinês.

Trabalhadores agitam bandeiras vietnamitas durante manifestação antichinesa em uma fábrica de sapatos de propriedade chinesa  no norte do Vietnã nesta quarta-feira (14).
Trabalhadores agitam bandeiras vietnamitas durante manifestação antichinesa em uma fábrica de sapatos de propriedade chinesa no norte do Vietnã nesta quarta-feira (14). Reuters/路透社
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Correspondente da RFI na China

No dia 2 de maio, a China transferiu para as ilhas Paracel uma sonda de perfuração para a exploração de petróleo que antes estava localizada nas proximidades de Hong Kong. A ação foi interpretada como ilegal por Hanói. Na última quarta- feira (14), a China, que controla as ilhas desde 1974, reafirmou a legalidade da ação e pediu ao Vietnã que pare de perturbar a exploração chinesa nessas águas.

Na terça-feira desta semana, uma manifestação de cerca de 20 mil pessoas em uma zona industrial, dedicada sobretudo ao setor têxtil e de calçados, nas proximidades da cidade de Ho Chi Minh, no sul do país, degenerou. Segundo a imprensa, 250 fábricas foram incendiadas, danificadas e saqueadas e cerca de 500 manifestantes foram detidos.

De acordo com a agência de informação oficial da China, Xinhua, 2 chineses foram mortos, 10 estão desaparecidos e mais de 100 hospitalizados. Outros 600 chineses teriam atravessado a fronteira do Vietnã com o Camboja temendo novos confrontos.

Reações dos países vizinhos

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores em Pequim, Hua Chunying, se disse chocada diante dos acontecimentos e acusou Hanói de colaborar com grupos antichineses. Já o primeiro-ministro do Vietnã, Nguyen Tan Dung, descreveu a situação como “muito séria” e garantiu que os manifestantes que desrespeitaram as leis serão punidos.

O Ministério da Economia de Taiwan disse que pelo menos 100 fábricas da ilha foram saqueadas e 11 delas incendiadas.

Na quintq-feira (15), depois que o presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, convocou uma reunião de segurança nacional para traçar medidas de emergência, o país decidiu criar uma força-tarefa para gerar os violentos protestos antichineses no Vietnã. O governo garantiu que vai retirar rapidamente seus cidadãos, se for necessário. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, duas companhias aéreas já concordaram em colocar mais voos à disposição para facilitar o retomo deles. Taiwan é o quarto maior investidor estrangeiro no Vietnã.

Em Hong Kong, o Departamento de Imigração recebeu na noite de quinta-feira cinco pedidos de ajuda. Companhias de viagem começaram a cancelar pacotes de turismo para grupos com destino ao Vietnã. As duas mortes confirmadas levaram o governo de Hong Kong a atualizar para vermelho o status do alerta para os turistas locais que partem para o Vietnã.

Enquanto isso, os protestos não mostram sinais de enfraquecimento e uma grande manifestação é esperada este sábado (17) no Vietnã.

Disputas territoriais

A China está envolvida em diversas disputas territoriais marítimas na região, além das ilhas Paracel. É o caso da ilha Natuna, reivindicada também pela Indonésia e Taiwan, da ilha Spratly - ou ilha Nansha em chinês -, onde Malásia, Vietnã, Filipinas, Taiwan e Brunei também estão na briga, e das célebres ilhas Senkaku - ou Diaoyu em seu nome chinês -, que a China disputa com o Japão, de olho no controle da zona de pesca e da exploração de recursos como petróleo e gás natural.

Diferentes manifestações antichinesas foram inclusive convocadas depois de um incidente do dia 7 de maio, quando dois barcos, um de bandeira chinesa e outro vietnamita, colidiram nas águas do arquipélago de Paracel, chamado de Xisha pelos chineses, no Mar do Sul da China. O acidente veio deteriorar ainda mais as relações entre os dois países comunistas.

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