Acessar o conteúdo principal
Linha Direta

Berlim e Paris pedem Siemens, mas conselho da Alstom prefere GE

Publicado em:

O futuro da Alstom, gigante francesa do setor de energia e transporte, é o centro de uma disputa que envolve o governo francês, o grupo americano General Electric e a alemã Siemens. A Alstom, um dos maiores símbolos da indústria francesa, conhecida pela fabricação do TGV (o trem bala) recebeu uma proposta da GE para compra de suas atividades de energia, responsável por 70% do faturamento da empresa.

Placa na França indica setores de entrega da Alstom e da General Electrics
Placa na França indica setores de entrega da Alstom e da General Electrics REUTERS/Vincent Kessler
Publicidade

Ouça no link acima o programa Linha Direta, com o correpondente da RFI em Berlim, Marcio Damasceno

Reunido na noite de terça-feira (29), o conselho de administração da Alstom recomendou que seus acionistas aceitem a oferta da General Electric de 12,35 bilhões de euros. O governo francês teme que os EUA tomem as rédeas de uma empresa de um setor tão estratégico, preferindo a fusão com a alemã Siemens, que continua no páreo.

Governos governos, negócios à parte
Apesar da preferência, o ministro francês das Finanças, Michel Sapin, afirmou na quarta-feira que se a empresa - de capital 100% privado - optar pelo negócio com a GE, o governo não vetará o negócio. "Juridicamente, não temos como impor um veto", mas ele lembrou que as empresas envolvidas no negócio são profundamente dependentes do setor público e que, por essa via, o governo teria "alguma capacidade de influência".

O governo alemão opta por uma posição ainda mais neutra, como explica o correspondente da RFI em Berlim, Marcio Damasceno: "Berlim declarou que esse negócio é uma decisão puramente das empresas, mas deixou claro que vê com muitos bons olhos a cooperação entre os dois grupos, afirmando que é uma grande chance para Alemanha e França no campo da política industrial. Informações de bastidores afirmam que o ministro da Economia alemão conversou sobre a Alstom com o presidente francês, François Hollande, e também com o CEO da Siemens".

A proposta da Siemens não ultrapassará os 11 bilhões de euros. Mesmo assim, Damasceno garante que a companhia alemã vai para o negócio com força total. "Aqui na Alemanha está mais que confirmado o interesse da Siemens na compra da Alstom. Segundo as últimas informações, o grupo alemão fará uma proposta de compra pelo concorrente francês. A compra já foi aprovada pelo conselho de administração e pelo conselho executivo do grupo alemão, sob condição que a Alstom aceite que a Siemens tenha, durante quatro semanas, acesso aos dados da companhia para analisar os negócios da Alstom e que possa entrevistar a direção da empresa", afirma.

Lideranças em risco
Desenha-se agora uma cooperação, por meio da qual a Siemens ofereceria à Alstom suas atividades no setor ferroviário em troca da compra da parte de energia da francesa. A ideia, ameaçada pela preferência do conselho da Alstom, é formar assim duas líderes europeias, em dois setores estratégicos: ferroviário e energético.

O mercado reagiu bem à opção pela GE. Por volta das 15h15, o título da Alstom operava em alta de 9,26% na bolsa de Paris, em baixa de 0,51%. A divisão de energia da Alstom emprega 65 mil pessoas no mundo (cerca de 9 mil na França) e seu volume de negócios chegou a 14,8 bilhões de euros no ano fiscal de 2012-2013, cerca de 70% do faturamento total do grupo.

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.