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Linha Direta

Sobreviventes do Holocausto vivem quase na miséria em Israel

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Israel lembra nesta segunda-feira (28) o tradicional dia do Holocausto, homenageando os seis milhões de judeus que morreram durante o regime nazista. Mas um em cada quatro sobreviventes enfrenta a pobreza e a solidão no país criado depois do genocídio.

Uma associação judia "Helpline for Holocaust Survivors", ajuda sobreviventes pobres do Holocausto. Shlomo Ronen sobrevivente e residente israelense.
Uma associação judia "Helpline for Holocaust Survivors", ajuda sobreviventes pobres do Holocausto. Shlomo Ronen sobrevivente e residente israelense. Reprodução vídeo France 24
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Daniela Kresch, correspondente da RFI em Tel-Aviv

Eles têm idade média de 85 anos e um quarto deles, algo em torno de 50 mil, vive abaixo da linha da pobreza e necessita de ajuda de ONGs para receber serviços básicos.

Quase todos os necessitados ganham menos de um salário mínimo e têm dificuldade para comprar comida, remédios e receber tratamentos médicos.

Teoricamente, eles têm direito a benefícios e pensões, mas muitos sofrem com questões burocráticas e não conseguem receber seus direitos.

Fora isso, diversos cortes orçamentários ao longo dos anos afetaram as pensões.

Muitos também sofrem de solidão. Dez por cento não tiveram filhos, por exemplo, outros são viúvos ou perderam contato com a família.

Governo aprova verba adicional para sobreviventes

O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aprovou neste domingo uma verba adicional de US$ 290 milhões para elevar as pensões.

Mas ONGs de direitos humanos reclamam que o montante não é suficiente e que o repasse do dinheiro aos beneficiados pode levar tempo demais.

Afinal, tem ainda que ser aprovado pelo Knesset, o Parlamento israelense, que está em recesso, e enfrentar todo tipo de burocracia para chegar aos bolsos dos sobreviventes.

Mas tempo é algo que eles não têm. Uma média de mil sobreviventes falecem todo mês devido à velhice.

Segundo o rabino Yehiel Ekshtein, do Fundo de Amizade aos sobreviventes do Holocausto, a pobreza e a solidão desses sobreviventes são uma mancha moral na sociedade israelense.

Cerimônias solenes marcam Dia do Holocausto

O tradicional Dia do Holocausto e da Bravura em Israel começou neste domingo à noite e continua a ser lembrado nesta segunda-feira com cerimônias solenes, programação especial nas TVs e rádios e, em geral, com um clima de memória em todo o país.

Pelo judaísmo, os dias começam no anoitecer, então a data solene começou formalmente ontem à tarde com duração de 24 horas. Por um dia, restaurantes, cinemas e outros locais de entretenimento ficam fechados, apesar de não ser feriado para comércio, escritórios e escolas.

Hoje, às 10h horas da manhã, horário local de Israel, uma sirene soou em todo o país e, como manda a tradição, os cidadãos pararam onde estavam, interromperam o que faziam para ficar de pé e lembrar a data.

Mas a primeira cerimônia em memória dos seis milhões de judeus mortos pelo regime nazista aconteceu ontem de noite no Museu do Holocausto, em Jerusalém. Seis sobreviventes, cada um representando um milhão de pessoas, acenderam velas, revelando suas histórias pessoais.

O presidente israelense Shimon Peres disse que o Estado de Israel é um escudo contra novas tentativas de violência contra o povo judeu.

Para Mahmoud Abbas, Holocausto foi crime hediondo

Porta-vozes do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, divulgaram que ele considerava o Holocausto “o crime mais hediondo cometido pela Humanidade na era moderna”.

Ele afirmou ter simpatia pelos sobreviventes e que os palestinos são contra qualquer tipo de racismo.

Os comentários surpreenderam os israelenses, até porque Abbas nunca prestou condolências oficiais às vítimas do genocídio, que, aliás, não faz parte do currículo escolar palestino.

Fora isso, Abbas escreveu uma dissertação de doutorado, na década de 80, na qual afirmou que, na verdade, a quantidade de judeus mortos não passou de 890 mil e que os nazistas tinham apoio de judeus sionistas numa espécie de pacto sinistro para pressionar o mundo a criar o Estado de Israel.

Talvez por causa disso é que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não tenha se mostrado particularmente emocionado com as palavras do presidente palestino.

Ele se referiu ao fato de Abbas ter assinado, na semana passada, um acordo de união nacional com o grupo islâmico Hamas, que nega o Holocausto e prega a destruição de Israel.

O acordo levou Netanyahu a suspender as negociações de paz com os palestinos.

 

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