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Voto de confiança ao novo governo é a hora da verdade para Manuel Valls

O discurso de política geral com o programa de governo do novo primeiro-ministro francês, Manuel Valls, no Parlamento divide as manchetes dos jornais desta terça-feira (8) com a acusação do presidente de Ruanda envolvendo a França no massacre contra os tutsis no país africano, há 20 anos. Hoje é a primeira prova de fogo do premiê. Após o discurso, os deputados votam ou não a confiança ao novo governo socialista. Um exercício nada fácil para Manuel Valls.

Capa dos jornais franceses Les Echos, Le Figaro, Libération, e Aujourd'hui en France desta terça-feira, 8 de abril de 2013
Capa dos jornais franceses Les Echos, Le Figaro, Libération, e Aujourd'hui en France desta terça-feira, 8 de abril de 2013
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"Manuel Valls: a hora da verdade" escreve Le Figaro. O jornal conservador explica que na tarde desta terça-feira o novo primeiro-ministro vai ter que escolher entre as necessidades de cortes nos gastos públicos do país e as exigências de seu próprio partido que pressiona o governo a adotar uma política mais social para seduzir o eleitorado de esquerda.

Alguns deputados do Partido Socialista chegaram a ameaçar Manuel Valls de não votar a confiança no novo governo, mas os 85 parlamentares da ala mais à esquerda do partido decidiram apoiar o governo esta tarde para não agravar a crise no país. O risco de dissolução do parlamento ainda existe, mas é pequeno avalia o jornal.

Manuel Valls vai evitar temas sensíveis

Diante dos riscos, Libération ressalta "o que o primeiro-ministro não dirá". Para o jornal progressista, o discurso desta tarde será é o "silêncio esperado do comunicador Valls". O problema mais delicado são os 50 bilhões de euros de economias até 2017, previstos no chamado “pacto de responsabilidade” proposto pelo presidente François Hollande.

Os detalhes dessa política de rigor serão os grandes ausentes do discurso desta tarde do primeiro-ministro que vai preferir defender o "pacto de solidariedade". Ao contrário do Le Figaro, Libération ainda tem dúvidas se Manuel Valls conseguirá convencer todos os deputados da maioria socialista.

Aujourd'hui en France lembra que além de seduzir os deputados, Manuel Valls, chamado por muitos de “o Sarkozy da esquerda”, também tem que seduzir os franceses uma semana após a derrota histórica dos socialistas nas eleições municipais.

Alemanha aguarda as reformas anunciadas

A questão econômica será central no discurso de política geral do premiê. Les Echos informa que a Alemanha, principal parceiro europeu da França, aguarda as definições de Manuel Valls.O jornal econômico informa que o novo ministros das Finanças, Michel Sapin, encontrou ontem o colega alemão Walfgang Schäuble.

Por enquanto, a França pode contar com a compreensão da Alemanha. O ministro alemão das Finanças julga que "governo Valls está no bom caminho", mas a Alemanha aguarda as reformas anunciadas, aponta o diário. Les Echos lembra que além dos deputados socialistas, o primeiro-ministro também tem que convencer a Comissão Europeia que está preocupada com a deriva do déficit público francês e com a incapacidade de Paris em cumprir suas promessas de controle orçamentário.

Ruanda acusa França de participação no genocídio

Ruanda começou ontem a comemorar os 20 anos do genocídio tutsi. La Croix diz que o presidente de Ruanda, Paul Kagame, renovou durante seu discurso os ataques contra a França. Segundo ele, Paris teve um papel direto na preparação do genocídio de 1994 e participou do massacre. "Nenhum pais é poderoso o suficiente para mudar os fatos", declarou Paul Kagame no discurso diante de 30 mil pessoas na capital ruandesa. Essas acusações públicas estremeceram consideravelmente a relação entre os dois países, afirma o jornal católico.

L'Humanité publica o testemunho do enviado especial do jornal a Ruanda na época do genocídio. Vinte anos depois, ele também acusa as autoridades francesas de cumplicidade no massacre. A “França mergulha na negação”, critica o jornal, lembrando que Paris decidiu não enviar a ministra da Justiça para participar das comemorações em Kigali.
 

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