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Reportagem

Novo livro do suíço Patrick Straumann vê Brasil bem longe dos clichês

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No estúdio da Rádio França Internacional no Salão do Livro de Paris, Patrick Straumann, autor suíço radicado na capital francesa, conversou sobre o processo de criação de seu livro mais recente, "La meilleure part - Voyage au Brésil", da Editora Chandeigne, no qual revela sua visão analítica de diversas cidades brasileiras que percorreu, pontuada por fatos históricos e relatos poéticos.

O escritor Patrick Straumann entrevistado pela jornalista Leticia Constant no Salão do Livro de Paris em 21 de março de 2014.
O escritor Patrick Straumann entrevistado pela jornalista Leticia Constant no Salão do Livro de Paris em 21 de março de 2014. Adriana Brandão
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"Do Novo Mundo, tantos séculos escondido e de tantos sábios caluniado, onde não chegaram Hanão com suas navegações, Hércules Líbico com suas colunas, nem Hércules Tebano com suas empresas, é melhor porção o Brasil" (Sebastião da Rocha Pita, 1660-1738).

Foi nesta citação que Patrick Straumann se inspirou para dar o título ao seu mais recente livro, "La Meilleur Part - Voyage au Brésil", que chegou às livrarias francesas esta semana, teve um pré-lançamento no Salão do Livro e será lançado no dia 15 de maio na Livraria Portuguesa e Brasileira, em Paris.

A obra é fruto da viagem do autor pelo Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília, Bahia, São Luís do Maranhão, Belém do Pará e Manaus e, no sul, Porto Alegre e as terras das missões jesuíticas, terminando em São Paulo. 

Fascinação

Para Straumann, foi o fascínio pelo Brasil que lhe deu a ideia de um livro sobre as cidades do país. "Quando fui lá pela primeira vez, há vinte anos, já senti vontade de escrever. Acho que para qualquer um que vem da Europa e chega no Brasil, tem o encontro com essa acumulação de ventos, essa acumulação excessiva de fatos e cores e ritmos também, tem ritmo europeu, tem ritmo africano, tudo isso provoca uma fascinação que eu estava com vontade de desenvolver, de entender como esse país funciona, como essa cultura nasceu..."

O escritor confessa ter tido a sensação de, às vezes, estar no século passado, como ocorreu em Ouro Preto ao ver uma mulher na janela, observando o mundo lá fora. "Acho que foi esse confronto de acontecimentos contemporâneos com fatos do passado que me deu essa vontade de restituir a densidade das imagens que vejo no Brasil", ele diz.

Fotografias em preto e branco ilustram o livro, tiradas pelo próprio autor.

Estilo

A escrita de Patrick Straumann cativa pela fusão harmoniosa de elementos distintos. História, prosa poética, sociologia, subjetividade, tudo se mescla para frutificar um texto leve, literário e instrutivo ao mesmo tempo. Apesar de ter percorrido muitas cidades, o autor se limita a 116 páginas para contar as suas impressões.

Falando sobre as citações que faz de escritores brasileiros, como Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, entre outros, Straumann argumenta que "uma maneira de restituir a impressão desta 'confusão', dos muitos elementos que constituem a realidade brasileira, é misturar uma observação minha com as observações dos autores brasileiros".

Sobre o autor

Patrick Straumann é crítico de cinema do jornal suíço "Neue Zürcher Zeitung" e faz documentários para a rádio France Culture. Em 2001, organizou a publicação "Rio de Janeiro, cidade mestiça ", lançada em francês pela Editora Chandeigne e publicada no mesmo ano pela Companhia das Letras, no Brasil. Ele é o autor da obra "L’Aleijadinho: le lépreux constructeur de cathédrales", ("Aleijadinho: o leproso construtor de catedrais", em tradução livre), editado pela Chandeigne em 2005.
 

 

 

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