Acessar o conteúdo principal
Linha Direta

Protestos completam um mês na Venezuela e desafiam líderes sul-americanos

Publicado em:

Há exatamente um mês, a capital da Venezuela está sob protestos contra o governo do presidente Nicolás Maduro. Na tentativa de ajudar o país a resolver os conflitos internos, chanceleres de países que integram a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) se reúnem hoje no Chile, enquanto, mais uma vez, Caracas será palco de duas marchas: uma convocada pela oposição e outra, pelo governo.

A Venezuela tem enfrentado momentos de tensão desde o início de fevereiro, com protestos de estudantes e opositores contra o governo.
A Venezuela tem enfrentado momentos de tensão desde o início de fevereiro, com protestos de estudantes e opositores contra o governo. REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Publicidade

Elianah Jorge, correspondente da RFI em Caracas 

O presidente venezuelano declarou nesta terça-feira (11) que não foi à posse de Michele Bachelet, no Chile, para evitar provocações de grupos contrários às decisões aplicadas por seu governo para controlar as manifestações que acontecem em diversas cidades da Venezuela.

Durante a cerimônia de posse de Bachelet, algumas autoridades chilenas chegaram a usar um broche com as palavras 'SOS Venezuela'. Pesa sobre a gestão de Maduro a truculência aplicada pelas forças de segurança para controlar os protestos, que, na maioria das vezes, terminam em prisões e com um rastro de destruição – tanto por parte dos manifestantes, como da guarda e da polícia nacionais.

O Brasil defende a manutenção da ordem democrática no país bolivariano. A presidente Dilma Rousseff informou que será criada uma comissão para ajudar a construir um ambiente de acordo e estabilidade na Venezuela. De acordo com o chanceler venezuelano, Elías Jaua, serão pontuadas as causas, consequências e sequelas das agressões à democracia venezuelana.

Novos protestos

As recentes declarações polêmicas da Defensora do Povo, Gabriela Ramírez, levaram simpatizantes da oposição a organizar uma marcha contra a impunidade nesta quarta-feira (12), prevista para chegar até a sede desta instituição. Os manifestantes vão pedir a destituição de Ramírez. Ela deu uma contraditória explicação sobre o que seria tortura, o que suscitou a ira de diversos setores da sociedade venezuelana, sobretudo em um momento em que há graves denúncias de maus-tratos a manifestantes por parte das forças de segurança do Estado. Passa de 20 o número de mortos nos protestos em todo o país.

Por sua vez, os chavistas também organizaram outra marcha, esta em prol da paz em Caracas. De acordo com Maduro, a marcha da oposição não está autorizada a passar pelo centro de Caracas porque a manifestação dos chavistas já havia sido programada para fazer o trajeto.

A noite de ontem foi de enfrentamento entre manifestantes e a polícia em Chacao, município da Grande Caracas. O clima é de tensão na capital.

Maduro reforça poder com novo programa de rádio

A imprensa venezuelana enfrenta uma grave crise, estrangulada por problemas de abastecimento de papel. No entanto, ontem, Maduro lançou um programa semanal de rádio. Enquanto jornais livres estão em vias de extinção por falta de papel bobina, já que o governo não libera os dólares preferenciais para a reposição dos estoques, na noite de ontem o presidente fez uma “surpresa” à população e lançou o programa “Em Contato com Maduro”, que irá ao ar todas as terças-feiras ou “quando surgir a inspiração”, de acordo com as palavras do presidente.

Maduro disse que o programa será um canal para interagir com os cidadãos, mas a iniciativa não foi tão bem aceita quanto ele esperava. O país está imerso em uma crise e a população quer resultados concretos nas áreas da segurança e de abastecimento de alimentos e remédios. As filas são constantes na frente de supermercados e, à noite, há um implícito toque de recolher por medo da violência, que já afetava o país mesmo antes dos intensos protestos.

A situação da imprensa local continua dramática. Recentemente, o tablóide “Primera Hora” deixou de circular, após nove anos sendo distribuído nas ruas da capital. Este foi o primeiro jornal a desaparecer em Caracas por falta de papel.

Intervenção para segurar o dólar

O alto valor do dólar no mercado paralelo parece estar com os dias contatos. Pelo menos esta é a ideia do governo venezuelano ao lançar um plano para dar liquidez à moeda estrangeira. Com o Sicad 2, o governo anunciou que irá vender dólares a quem quiser comprar e assim enfraquecer o mercado negro, que cria uma distorção na economia local. Já para combater a escassez, o governo anunciou que, em breve, será colocado em prática um cartão de abastecimento, com o qual o afiliado poderá comprar alimentos a cada oito dias. Esta iniciativa tem sido comparada ao cartão de racionamento aplicado em Cuba.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.