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França/Desemprego

Patronato francês quer eliminar seguro-desemprego para artistas

O desemprego e o sistema de assistência às pessoas sem trabalho na França são um dos temas dominantes na imprensa francesa nesta quinta-feira (27). Os jornais discutem em particular o auxílio aos profissionais do setor cultural, que a principal organização patronal do país quer eliminar.

Capa dos jornais franceses, L'Humanité, Libération e Le Figaro desta quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014.
Capa dos jornais franceses, L'Humanité, Libération e Le Figaro desta quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014.
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Libération dedica sua manchete à mobilização dos profissionais do mundo da cultura contra um projeto do Medef, o sindicato que representa os dirigentes de empresas francesas, de extinguir o regime de seguro-desemprego especial para os artistas.

Esse sistema francês criado em 1936 permite que atores, dançarinos, músicos e outros profissionais do setor recebam um salário do governo nos períodos em que não estão trabalhando em um espetáculo ou filme. O mecanismo considera que, durante esses intervalos, eles elaboram outros projetos e continuam se aperfeiçoando. Os artistas e técnicos devem atender uma série de requisitos para ter direito a esse benefício.

O jornal progressista lembra que dois relatórios recentes do governo mostram que esse sistema é essencial para o dinamismo econômico do setor cultural, que também gera empregos e crescimento.

Libération concorda que é preciso reformar o estatuto dos intermitentes, como são chamados esses artistas que não têm um emprego fixo, mas sobretudo para impedir as fraudes cometidas por grandes empresas do setor que abusam do sistema.

Para o diário comunista L'Humanité, os patrões acusam os artistas, que são a categoria mais frágil, como uma estratégia para atacar os direitos de todos os trabalhadores na negociação sobre o seguro-desemprego na França.

Desemprego

O emprego também é o tema da manchete de La Croix. O desemprego continua aumentando na França e o número de pessoas sem trabalho chegou a 5,5 milhões em janeiro.

O jornal católico aponta que a maioria dessas pessoas têm que se virar sozinhas para encontrar uma saída, já que somente 13,3% delas conseguem um novo trabalho por meio da agência pública para o emprego.

Sobre esse tema, o conservadorLe Figaro aproveita para criticar novamente o governo do socialista François Hollande. O diário destaca que o executivo teve que rever suas ambições e agora afirma que vai reduzir o desemprego até o final de 2014. Ou seja, um ano depois do que havia sido prometido inicialmente.

É com essa imagem de "um poder incapaz de controlar a alta do desemprego", diz Le Figaro, que os franceses irão às urnas para as eleições municipais de março e europeias de maio.

Um especialista no tema entrevistado pelo jornal afirma que a legislação trabalhista francesa é muito rigororosa, o que faz com que as empresas hesitem antes de contratar, por medo de não poderem demitir um empregado depois. Ele diz ainda que as empresas francesas aprenderam a trabalhar com efetivos reduzidos devido às diferentes crises que afetaram o país nos últimos vinte anos.

Manuel Valls

Le Figaro destaca em sua manchete os ataques do UMP, o principal partido da oposição de direita, ao ministro do Interior Manuel Valls - que, aliás, está longe de ser uma unanimidade até entre seus próprios colegas socialistas.

"Valls provoca a direita e incomoda a esquerda", diz a manchete do diário conservador, que critica em seu editorial a tendência do ministro de lançar declarações polêmicas e ocupar espaço na mídia quase diariamente. Um pouco como um de seus predecessores no cargo, Nicolas Sarkozy.

Mas Le Figaro diz que o ex-presidente podia "se autorizar alguns excessos" porque sabia que a opinião pública ia enfocar sobretudo "o profissionalismo e a eficácia da sua política". Algo que, segundo o jornal, não se aplica a Manuel Valls, acusado pela direita de ter tratado as manifestações contra o casamento gay de maneira parcial. Le Figaro aponta ainda que os números da criminalidade estão aumentando desde que ele ocupou o cargo.

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