"Vírus" suíço contra a imigração ameaça a Europa

Os jornais desta terça-feira (11) continuam repercutindo o referendo de domingo na Suíça que aprovou cotas de imigração para estrangeiros. A imprensa destaca o plano do governo francês para melhorar a integração dos imigrantes e seus descendentes no país. A renúncia do papa Bento 16, que está completando 1 ano nesta terça-feira, é outra manchete do dia.

Capa do jornal francês Libération desta terça-feira, 11 de fevereiro de 2014 liberation.fr

Com um editorial intitulado "despertador suíço", o jornal conservador Le Figaro afirma que está na hora de os governantes europeus reconhecerem a soberania popular e "darem maior atenção à preocupação identitária dos povos" em suas decisões políticas. Para o jornal, ao rejeitar a imigração de massa, os suíços não foram racistas, ingratos, antieuropeus nem xenófobos. Eles demonstraram uma preocupação com as mudanças de identidade provocadas pelo ingresso de estrangeiros, uma inquietação "mal interpretada" na avaliação do Le Figaro. O jornal adverte sobre a onda de movimentos de contestação do tipo suíço em toda a Europa e diz que o próximo referendo sobre a imigração já tem data marcada: as eleições de maio para o Parlamento Europeu, que podem revelar um crescimento significativo da bancada de extrema-direita.

O Libération, jornal progressista, se refere ao caso suíço como um "vírus" capaz de contaminar os vizinhos, e ressalta que o resultado do referendo foi bem recebido pela direita francesa.

O diário católico La Croix publica um editorial lembrando que "somos todos estrangeiros" e, "em vez de bater com a porta na cara de um vizinho, os suíços e outros europeus deveriam se lembrar que é possível dividir" espaço e riqueza "com ganhos para todos".

Plano contra discriminação de imigrantes

Às vésperas das eleições municipais de março, o primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, anuncia hoje um plano que tem por objetivo melhorar a integração dos imigrantes e seus descendentes na sociedade francesa. Segundo o jornal La Croix, o plano propõe 43 medidas para dar um acolhimento correto aos imigrantes e ajudá-los a se integrar, sem discriminações. Porém, a imprensa nota que aspectos polêmicos da integração foram deixados de lado. É o caso do fim da proibição do véu islâmico nas escolas para as meninas muçulmanas, um assunto que gera polêmica entre os especialistas.

Renúncia de Bento 16 completa 1 ano

Os jornais franceses lembram que hoje faz um ano que o papa Bento 16 renunciou, pegando o mundo de surpresa. Foi um momento histórico para a Igreja. O diário La Croix conta que o papa emérito, título de Bento 16 após sua renúncia, leva uma vida tranquila, num pequeno monastério, e continua se dedicando aos estudos de teologia. Bento 16 não se arrependeu da decisão, conforme revelou seu irmão, Monsenhor Georg Ratzinger.

Bento 16 leva uma vida ordinária e serena, segundo o Le Figaro. Existe um clima de respeito entre ele e seu sucessor, o papa Francisco, "uma admiração recíprica". Os dois se escrevem, falam ao telefone, mas o papa emérito não interfere nas decisões de Francisco.