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Linha Direta

UE deve conceder empréstimo bilionário à Ucrânia

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Setenta e quatro dias após o início da crise política que paralisa a Ucrânia, a União Europeia anunciou ontem que estuda conceder um empréstimo bilionário a Kiev com o objetivo implícito de neutralizar a influência da Rússia sobre o presidente Viktor Yanukovitch. O Plano Ucrânia, como foi denominado pela chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, pode substituir o empréstimo de US$ 15 bilhões oferecido pelo presidente russo, Vladimir Putin, em 17 de dezembro. Com isso, Yanukovitch ficaria livre para voltar atrás em sua decisão de suspender as negociações para um acordo de associação com Bruxelas.

O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, retornou ao trabalho e estaria disposto a convocar eleições antecipadas para superar a crise que vive o país. Foto do 19 de dezembro de 2013.
O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, retornou ao trabalho e estaria disposto a convocar eleições antecipadas para superar a crise que vive o país. Foto do 19 de dezembro de 2013. REUTERS/Mykhailo Markiv/Ukrainian Presidential Press Service/Han
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O jornalista brasileiro Andrei Netto, enviado especial do jornal O Estado de S. Paulo a Kiev está acompanhando o movimento popular na Praça Independência, no centro da capital, e diz que o clima é de mobilização e, ao mesmo tempo, de impasse. A mobilização fica clara no acampamento montado pelos oposicionistas na Praça Independência. São centenas, talvez milhares de pessoas passando as noites em barracas de campanha montadas a céu aberto, com uma temperatura que à noite beira os 20ºC negativos.

Essas barracas estão protegidas por barricadas de até três metros de altura, cujas entradas são vigiadas pelos manifestantes. Ao longe, em pontos estratégicos do centro, é possível encontrar as tropas de choque da polícia estacionadas, à espera de uma ordem para intervir. Na prática, Kiev vive uma espécie de guerra fria. O clima de conflito armado existe, mas ele ainda está latente.

Margem de manobra do presidente

O presidente Yanukovich esteve afastado do cargo durante quatro dias se recuperando de uma doença respiratória. Ele voltou ao trabalho ontem, mas sua margem de manobra para acabar com a crise é pequena. Na terça-feira da semana passada, Yanukovich aceitou o pedido de demissão do primeiro-ministro, Mykola Azarov, e ofereceu o cargo à oposição. Mas a oferta não foi aceita pelos opositores, que desejam a convocação de eleições antecipadas e de uma constituinte, ou ao menos de uma reforma profunda na constituição.

Como Yanukovich vem sendo pressionado pela Europa e pelos Estados Unidos a não voltar a usar a força contra os manifestantes, sua posição é de fraqueza neste momento. Andrei Netto acha que a tendência é de que o presidente ceda e seja obrigado a antecipar as eleições, como querem seus opositores. “Na prática, o que garante Yanukovich no poder hoje é o apoio da Rússia, que é ao mesmo tempo um aliado político e econômico”, diz o enviado especial do jornal O Estado de S. Paulo.

Pró-europeus x pró-russos

O movimento popular na praça Independência se chama Euromaidan, ou "Europraça", o que indica que os manifestantes desejam a aproximação do país com a União Europeia. Acontece que em Estados do leste, a população fala russo e é a favor da aproximação com a Rússia.

Diante desse quatro de quase colonialismo de ambas as partes, da Europa e da Rússia, o jornalista brasileiro diz que ouve com frequência manifestantes defendendo uma posição autônoma para o país. Ou seja, uma certa distância que garanta a soberania política e econômica da Ucrânia. Talvez essa seja de fato a única solução para contentar a todos, dentro e fora do país.

Clique no ícone no alto da página para ouvir o Linha Direta sobre a crise ucraniana, com o jornalista brasileiro Andrei Netto, enviado especial do jornal O Estado de S. Paulo a Kiev.
 

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