Governo francês vence batalha judicial contra humorista antissemita
Os jornais desta sexta-feira, 10 de janeiro de 2013, estavam impressos quando a revista de celebridades Closer anunciou ontem em seu site, por volta das 23h, no horário local, que publicaria hoje fotos da suposta relação amorosa do presidente François Hollande com a atriz de cinema Julie Gayet. Assim, as principais manchetes se referem ao caso do humorista Dieudonné.
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Toda a imprensa comenta a decisão do Conselho de Estado, a mais alta jurisdição da França, que determinou ontem a suspensão dos espetáculos do humorista acusado de antissemitismo, negacionismo e injúria racial. Acabou a gargalhada, diz o Aujourd'hui en France em sua manchete.
Em editorial, o diário parisiense critica as piadas racistas e o mau gosto do humorista, mas também critica o governo que mobilizou durante três semanas a imprensa com uma figura que não merecia a menor atenção. "No momento em que o país atravessa uma crise grave, o governo, ministros e a mídia se mobilizam durante três semanas para proibir um espetáculo", escreve indignado o Aujourd'hui en France, acrescentando que esta polêmica não é digna da França.
O jornal Libération afirma que o espírito republicano prevaleceu e que o país deve se proteger desses ondas de racismo e antissemitismo que aparecem, como aconteceu recentemente com a ministra da Justiça, Christiane Taubira, alvo de ofensas por ser negra. Por outro lado, o Libération lamenta que a queda de braço entre Dieudonné e o ministro do Interior tenha servido de propaganda ao humorista e tenha ressuscitado a censura.
O Le Figaro considera que do ponto de vista político o ministro do Interior, Manuel Valls, que encarnou a batalha pela proibição do espetáculo, obteve uma vitória frágil. Para a opinião pública ficou a sensação que a campanha do ministro contra o humorista funcionou como uma espécie de promoção empresarial de Dieudonné.
Hollande vai visitar o papa
François Hollande vai ao Vaticano no dia 24 de janeiro, informa em primeira página o Le Figaro. Segundo o diário conservador, é tradição entre os presidentes eleitos na França visitem o papa no Vaticano logo no primeiro ano de mandato. Hollande quebrou esta regra. Ele chegou ao poder ainda no pontificado de Bento 16 e passou mais de um ano em campanha para a legalização do casamento gay. A ida ao Vaticano nessas circusntâncias não era apropriada.
Com a chegada de Francisco à Santa Sé, o cenário mudou. O papa argentino, de perfil mais social e crítico em relação aos excessos do capitalismo, agrada ao presidente francês, que recebeu educação católica, mas perdeu a fé aos 18 anos, de acordo com o Le Figaro. O jornal esclarece ainda que Hollande vai sozinho ao Vaticano, sem a companheira oficial Valérie Trierweiller, porque eles não são casados.
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