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Lei que pune clientes de prostituição divide imprensa francesa

Dois assuntos recebem destaque na imprensa francesa nesta quarta-feira, 27 de novembro de 2013. O polêmico projeto de lei que chegou ao parlamento e pretende punir os clientes da prostituição é manchete de capa de vários jornais. Outro assunto em destaque é a decisão anunciada ontem pelo governo francês de realizar uma nova intervenção militar na África, desta vez na República Centro-Africana.

Capa dos jornais franceses L'Humanité, Libération e Aujourd'hui en France desta quarta-feira, 27 de novembro
Capa dos jornais franceses L'Humanité, Libération e Aujourd'hui en France desta quarta-feira, 27 de novembro
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O polêmico projeto de lei do Executivo francês que visa penalizar os clientes da prostituição está em pauta a partir dessa semana na Assembleia Nacional. O texto prevê multa de 1,5 mil euros (4,8 mil reais) para a compra do ato sexual e 3 mil euros em caso de reincidência. O governo socialista defende a punição do cliente como uma forma de esvaziar as redes de traficantes internacionais que exploram a prostituição.

O projeto divide os deputados da base socialista e a opinião pública. Nas útimas semanas, vários manifestos de artistas, intelectuais e associações de defesa das prostitutas condenaram essa tentativa de interferência do Estado num assunto de ordem privada. Nessa corrente, estão os defensores da ideia de que mulheres e homens têm o direito de fazer o que quiserem de seus corpos e esta liberdade deve ser respeitada. Os que defendem a punição dos clientes dizem que poucas pessoas optam pela prostituição por prazer. A maioria é levada a vender o corpo por necessidade financeira.

O jornal comunista L'Humanité considera que o projeto é um primeiro passo para acabar com essa forma de escravidão moderna, que atinge principalmente as mulheres.

O Libération concorda que a profissão é essencialmente feminina e esse aspecto reforça a desigualdade entre os sexos. O jornal acha que o Estado tem o dever de proteger os "trabalhadores do sexo" das redes proxenetismo, mas por outro lado não acredita que medidas repressivas ponham fim à prostituição.

O "Libé" faz a reflexão de que educar os clientes a não usar prostitutas é tão difícil quanto educar motoristas a respeitar os limites de velocidade e alcoólatras a largar o copo. Na opinião do Libération, a lei poderá funcionar como uma espécie de advertência do poder público.

Intervenção na República Centro-Africana

O diário conservador Le Figaro, sempre muito crítico com o governo socialista do presidente François Hollande, apoia a decisão da França de enviar cerca de mil soldados para restabelecer a ordem na República Centro-Africana. O país mergulhou no caos há oito meses, após um golpe de Estado que gerou perseguição à maioria cristã do país.

Em seu editorial, o jornal explica que existem razões "suficientemente fortes" para que a comunidade internacional ajude a República Centro-Africana a dar um basta à guerra travada entre rebeldes muçulmanos e milícias cristãs que colocam em risco a estabilidade da região, segundo a própria ONU. As Nações Unidas estimam que o país africano está à beira de um genocídio e é dever da comunidade internacional impedir uma nova catástrofe humanitária na África, escreve o Le Figaro.

Esta nova operação militar francesa não tem nada a ver com a intervenção recente no Mali. Ela visa restabelecer a segurança para os cristãos, que são ampla maioria no país. Os combates entre milícias já deixaram milhares de refugiados e a fome assola essas populações.
 

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