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Polônia/ meio ambiente

À sombra de supertufão, Conferência do Clima começa na Polônia

A XIX Conferência sobre o Clima das Nações Unidas começou nesta segunda-feira em Varsóvia (Polônia) para preparar um acordo global sobre a redução das emissões de gases que provocam o efeito estufa. Os países ainda têm dois anos para finalizar o texto para ser aprovado em 2015, em Paris.

Delegados participam de cerimônia de abertura da COP 19.
Delegados participam de cerimônia de abertura da COP 19. REUTERS/Agata Grzybowska/Agencja Gazeta
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O encontro, que reúne mais de 190 países até 22 de novembro, pretende conter o aumento da temperatura no planeta, que poderia chegar a 5ºC se a comunidade internacional não adotar medidas para impedir as mudanças climáticas. As negociações acontecem dois dias depois o devastador tufão Haiyan ter deixando ao menos 10.000 mortos nas Filipinas.

"Nós nos reunimos hoje com o peso sobre nossos ombros de muitas realidades que nos devem fazer refletir", como o "impacto devastador do tufão Haiyan", declarou a secretária-executiva para o clima das Nações Unidas, Christiana Figueres, diante das delegações do mundo inteiro.
"As próximas gerações travarão uma batalha imensa e o que está em jogo aqui, neste estádio, não é um jogo", afirmou, em referência ao local de Varsóvia onde acontece a rodada de negociações até o dia 22 de novembro.

"Não há duas equipes, mas toda a humanidade. Não há vencedores ou perdedores. Ou todos ganhamos ou todos perdemos", advertiu.

A delegada das Filipinas, Alicia Ilaga, lembrou, por sua vez, que durante a conferência anterior da ONU sobre o clima, realizada no fim de 2012 em Doha, seu país já havia sido atingido por outro tufão de categoria 5, Bopha. "E agora estamos em Varsóvia. Está escuro, faz frio e há tristeza não apenas em Varsóvia, mas também em meu país (...) O que mais podemos pedir nesta conferência, a não ser fazer as negociações avançarem e transformar as promessas em atos?", se perguntou em uma coletiva de imprensa.

Outro delegado filipino, Naderev Sano, declarou-se em greve de fome durante 12 dias em solidariedade com seus compatriotas e em uma tentativa de pressionar seus colegas para que ocorram avanços. Com a voz embargada, ele disse na plenária de abertura que não pretende comer durante toda a conferência "até que resultados significativos apareçam no horizonte". O diplomata classificou de “loucura climática” o que acontece nas Filipinas e garantiu que seu país não aceita que tenham de acontecer 30 ou 40 conferências para resolver o impasse.

Negociações se anunciam tensas

A comunidade internacional quer fixar como objetivo que a temperatura não suba mais de 2ºC em relação ao que era registrado antes da era pré-industrial. Se nada for feito, a temperatura pode aumentar 5ºC até o fim do século, e os fenômenos extremos se multiplicarão, lembraram em setembro os especialistas do clima do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC).

A relação entre ciclones e mudanças climáticas não é unanimidade entre os especialistas, mas eles não descartam que ocorram fenômenos cada vez mais extremos relacionados ao aumento das temperaturas dos oceanos.

Varsóvia inicia dois anos de negociações que acredita-se que terminarão em 2015 em Paris, com um acordo global, ambicioso e legalmente vinculante para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, que provocam o aumento da temperatura. O acordo entraria em vigor a partir de 2020.

Até agora, o único texto que limita as emissões de gases de efeito estufa é o protocolo de Kyoto, mas ele afeta apenas os países industrializados, com exceção dos Estados Unidos, que não o ratificaram, e cobre apenas 15% das emissões totais. O futuro acordo, que substituiria o protocolo de Kyoto em 2020, também incluiria os Estados Unidos e os grandes países emergentes, entre eles a China, primeiro poluente do mundo.

As discussões não serão fáceis, sobretudo no que diz respeito ao alcance dos compromissos legais que o texto contemplará ou ao compromisso das economias emergentes, que evocam seu direito ao desenvolvimento e à responsabilidade dos países industrializados no aquecimento. Christiana Figueres convocou as delegações a "esclarecerem os elementos do novo acordo que modelará as agendas climáticas, econômicas e de desenvolvimento depois de 2020" e avançarem no dossiê da ajuda financeira para que os países do sul possam se adaptar às mudanças climáticas.

Os países do Norte prometeram 100 bilhões de dólares de ajuda até 2020, mas os do Sul ainda não viram nada e temem que se trate de promessas vazias. Na segunda semana de negociações, se somarão os ministros dos países representados para tentar produzir um texto que será adotado ao fim da conferência. A próxima reunião da ONU sobre o clima irá ocorrer no fim de 2014.
 

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