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Reportagem

Analistas acham que não havia melhor opção para Marina Silva

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O projeto político de Marina Silva ficou ameaçado ao ter a criação do seu próprio partido, Rede Sustentabilidade, recusado pelo Tribunal Superior Eleitoral, nesta quinta. De acordo com analistas, qualquer que fosse a decisão da ex-senadora sobre o rumo a seguir a partir de agora, haverá prejuízos aos planos presidenciais da ícone do desenvolvimento sustentável no país.

Ex-senadora acompanhou votação no TSE na quinta-feira, quando tribunal rejeitou a criação da Rede Sustentabilidade.
Ex-senadora acompanhou votação no TSE na quinta-feira, quando tribunal rejeitou a criação da Rede Sustentabilidade. REUTERS/Ueslei Marcelino
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Com a invalidação da Rede pelo TSE, por 6 votos a 1, Marina Silva tinha duas opções: não se candidatar para as eleições presidenciais de 2014, já que o prazo para se filiar a um partido se encerra neste sábado, ou aceitar uma das sete propostas de filiação partidária que recebeu e, assim, poder concorrer ao pleito. Nenhuma das duas era a ideal, na opinião do cientista político Manoel Leonardo Santos, especialista em estudos legislativos da Universidade Federal de Minas Gerais.

“Ficar saltando entre legendas pode ser uma mensagem muito negativa para o eleitorado. Seguramente, pela Rede ela o manteria, mas por outras é possível que ela tenha um prejuízo”, afirma. “Mas eu não acho que seja um grande prejuízo porque a identificação do eleitorado é com ela.”

O cientista político Francisco Fonseca, coordenador da linha de pesquisa Governo e Sociedade Civil, na Fundação Getúlio Vargas, lembra que a decisão final não era consenso entre a direção-executiva da Rede, um projeto de partido formado por políticos de diversas correntes. Com a aproximação das eleições, o mesmo dilema de Marina se apresentou para vários deles, colocando em detrimento o projeto político para o país com os interesses eleitorais de cada um. Muitos devem concorrer por outras siglas, enfraquecendo o ideal de uma via de fato desconectada com os partidos atuais.

“Estamos falando de forças contrárias, e isso se expressou na própria indefinição. Em nenhum momento ela disse que jamais entraria em outro partido. Mas essa é uma situação difícil não só para ela, mas todos envolvidos na criação do partido”, analisa.

Fonseca avalia que, de qualquer maneira, os votos que iriam para a ex-senadora acabarão se dispersando nas próximas eleições. A maior influência, entretanto, é sobre a ocorrência ou não do segundo turno, provavelmente contra a atual presidente, Dilma Rousseff.

“Com qualquer decisão, os votos se dispensariam. Com a Marina, as chances de um segundo turno aumentam. Sem ela, fica um jogo quase dicotômico entre situação e oposição tradicional”, explica.

A decisão ocorreu porque o comitê executivo organizado para abrir a Rede não conseguiu apresentar o mínimo de 492 mil assinaturas exigidas por lei. Faltaram 50 mil, rejeitadas por cartórios de todo o país. Na visão de Manoel Santos, o histórico eleitoral brasileiro mostra que apenas partidos consolidados têm reais chances de vencer as votações. “Candidatos sem uma constituição partidária forte têm poucas chances de se eleger. O único exemplo recente que nós temos foi o Collor”, ressalta.
 

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