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Planeta Verde

FAO recomenda melhor alimentação do gado para reduzir liberação de gases

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Eles estão longe de serem os vilões do aquecimento global, mas ainda assim preocupam os ecologistas. A criação de bovinos é responsável por 15% das emissões de gases de efeito estufa, ao liberarem metano após a digestão. Segundo a Organização para a Agricultura e Alimentação, a melhora da qualidade das refeições e uma melhor gestão dos pastos podem atenuar o volume de emissões em até 30%.

Melhor alimentação e gestão do pasto reduziriam a emissão de gases em 30%, calcula a FAO.
Melhor alimentação e gestão do pasto reduziriam a emissão de gases em 30%, calcula a FAO. Flickr/ Creative Commons
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Neste momento, na França, cerca de 2 mil moradores de um vilarejo protestam contra o que foi apelidado de “criação industrial” de gado. Por causa do metano, os habitantes não querem morar perto de um produtor que pretende ampliar o rebanho para até mil cabeças, o dobro das 500 permitidas no local.

Segundo a Organização para a Agricultura e Alimentação, a melhora da qualidade das refeições pode atenuar o volume de emissões. Outros fatores mais sofisticados também são importantes, como uma seleção genética mais apropriada para os cruzamentos entre as espécies. Entretanto, qualquer pequeno produtor pode promover adaptações, como explica Anne Mottet, que participou do estudo realizado pela FAO e divulgado na semana passada.

“Propomos progressos bastante palpáveis nos sistemas atuais, por exemplo no sul da Ásia, como na Índia ou no Bangladesh, onde seria suficiente melhorar de 10 a 15% a qualidade da alimentação dos rebanhos para facilitar a digestão, já que as emissões estão ligadas a uma boa digestão”, diz. “Ou ainda tem o caso dos sistemas de produção extensiva de carne na América do Sul, onde uma melhor gestão dos pastos, diminuindo a pressão nas zonas com excesso de pasto e aumentando onde tem pouco, ou ainda semeando leguminosas em alguns campos, aumentaria a produtividade da grama, com mais estoque de carbono.”

O Brasil teve destaque positivo no relatório da FAO, devido à redução do desmatamento para a criação de gado. Anne Mottet elogiou as iniciativas do país nos últimos anos. “O desmatamento foi muito reduzido no Brasil. Os produtores e o governo brasileiro fizeram grandes esforços para reduzir os impactos ambientais, e estão analisando a adoção de medidas específicas para a redução de emissões de gases de efeito estufa. Hoje, quando falamos da pecuária no Brasil, falamos de algo muito diferente do que se via há uma década”, observou.

Pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, Patrícia Perondi Anchão relata que a melhoria dos pastos no Brasil é um objetivo perseguido pelos agricultores do país. No caso brasileiro, até a cana usada para o biodiesel é reaproveitada para melhorar a digestão dos bovinos.

Para diminuir o desmatamento, o novo Código Florestal determina que os criadores concentrem os rebanhos em áreas menores do que antigamente. Patrícia relata Anchão relata que a adesão dos pecuaristas foi surpreedente. “O que ocorreu no Brasil, em termos de compreensão do código florestal e de investimentos que os produtores precisarão fazer nas suas propriedades para recuperar matas, é fantástico. É um investimento que nenhum outro país do mundo concordou em fazer”, comenta.

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