As conclusões do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, o grupo de referência mundial sobre estudos do clima, reunido em Estocolmo, só serão conhecidas nesta sexta. Porém versões preliminares do relatório indicam que a preocupação dos cientistas com o aumento do nível do mar se intensificou.
Ao contrário do que se imaginava há seis anos, quando o IPCC publicou as suas ultimas constatações, os oceanos podem registrar uma subida de 80 centímetros até 2100, e não mais no máximo 59, como se previa. Esta alteração provocaria consequências dramáticas para as populações de ilhas do Pacifico, mas também para grandes cidades costeiras de todo o planeta.
O físico especialista em oceanos Edmo Campos, da Academia Brasileira de Ciências, é um dos autores do relatório do IPCC. Ele ressalta que o mundo está tomando consciência sobre a importância dos mares para compreender as mudanças climáticas. “Está havendo um despertar para o oceano, até na própria comunidade cientifica. E isso é de vital importância porque o oceano é um dos principais agentes das mudanças climáticas”, explica. O documento que será divulgado amanhã deve trazer constatações sobre o Atlântico Sul, com incidência no Brasil, conforme Campos.
Outro ponto que os cientistas estão se debruçando é explicar por que o aquecimento global registrou uma “pausa” nos últimos anos. O climatologista do Inpe José Marengo, da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas, é outro cientista brasileiro que participou deste grande estudo internacional. Para ele, este “hiato” no aquecimento era previsto.
“É algo que já foi estudado e aparece nos relatórios. Algumas áreas do mundo tem tido um resfriamento nos últimos anos, como a Groenlândia e a costa do Peru e do Chile. Mas todas as outras regiões do mundo mostram aquecimento”, destaca.
Marengo lamenta que, apesar de os estudos científicos comprovarem cada vez mais a influência das ações do homem sobre o clima, os governantes permanecem surdos aos apelos dos climatologistas. “Agora vai haver impacto em todo mundo, com todos os governos se pronunciando, dizendo que o clima é problemático. O problema é depois. A agenda ambiental passou para um segundo plano, porque a agenda econômica está no primeiro.”
A próxima Conferência de Mudanças Climáticas da ONU acontece de 11 a 22 de novembro, em Varsóvia, na Polônia.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro