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Saúde em dia

Arqueólogos e biólogos unem forças para entender epidemia de lepra

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O programa desta semana aborda um estudo pioneiro feito por um time de biólogos e arqueólogos para solucionar o mistério do desaparecimento da lepra na Europa medieval. Suas conclusões permitem entender melhor a evolução de uma doença que desapareceu no continente, mas ainda afeta muitas pessoas no Brasil, país com o segundo maior número de novos casos.

Mycobacterium leprae, o bacilo da lepra visto no microscópio.
Mycobacterium leprae, o bacilo da lepra visto no microscópio. Wikimedia
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Arqueólogos e biólogos uniram forças para entender melhor a origem da hanseníase, antigamente conhecida como lepra. Na Europa medieval, a doença era muito comum. Estima-se que em certas regiões uma em cada 30 pessoas era infectada. Mas, de repente, na virada do século 15 para o século 16, a incidência da lepra caiu na maior parte do continente.

Para explicar esse mistério, os pesquisadores abriram sepulturas medievais à procura de esqueletos com sinais das deformidades típicas da doença. Eles conseguiram extrair o DNA dos ossos e isolar o genoma do bacilo da lepra.

O biólogo Stewart Cole, diretor do Instituto de Saúde Global da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, foi um dos coordenadores desse estudo: "Constatamos que o bacilo da Idade Média era quase idêntico ao que existe atualmente".

Essa descoberta permitiu aos pesquisadores criar novas hipóteses sobre o fim da epidemia de lepra na Europa medieval. "Pode-se dizer que não foi devido à perda de virulência da bactéria, pois ela permaneceu quase idêntica. Sabemos que a lepra criou uma pressão seletiva muito forte, e graças a essa pressão o homem se tornou resistente. Identificamos no genoma dos europeus mutações que garantem essa resistência", explica Cole.

As técnicas desenvolvidas nesse estudo também poderão ser usadas para isolar outros agentes causadores de doença misturados com DNA humano, o que permitirá ter uma visão mais clara de como se propagam as epidemias.

A lepra desapareceu na Europa, mas o Brasil continua sendo o segundo país do mundo com o maior número de novos casos da doença, atrás da Índia. Foram quase 34 mil diagnósticos em 2011. Quando se divide o número de casos pela população, o país pula para o primeiro lugar do ranking.

Neste programa o coordenador nacional doMovimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase, Artur Custódio, explica que é preciso considerar o aspecto social da epidemia. A doença tem cura, e o importante para evitar novas infecções é garantir que o diagnóstico seja feito o mais rápido possível.

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