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Imprensa/ Brasil

Le Monde destaca "fim do milagre econômico" nos Brics

Sob a manchete "Os grandes emergentes vacilam", o jornal francês Le Monde com data de terça-feira, 25 de junho, avalia que “o fim do milagre econômico” chegou para os países que compõem o grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Ao grupo, o diário ainda acrescenta a Turquia, onde os altos índices de crescimento nos últimos anos não impediram a saída às ruas de uma população insatisfeita com a gestão do governo.

Manchete do jornal Le Monde foi, mais uma vez, sobre os protestos no Brasil.
Manchete do jornal Le Monde foi, mais uma vez, sobre os protestos no Brasil. RFI
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“Os Brics desaquecem no momento em que suas economias estão mais maduras”, diz o Monde, em seu suplemento de economia. O jornal constata que a alta de 7% do PIB brasileiro, que chegou a levar o país a acreditar que poderia fazer parte do Conselho de Segurança da ONU, ficou para trás. Também os índices recordes de popularidade de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora, Dilma Rousseff, desfrutavam agora estão no passado.

“O conjunto de países do Brics, que puxavam a economia mundial em um momento em que os países ricos penavam a sair da crise, agora têm um preocupante desaquecimento econômico”, afirma o jornal. Os números não deixam dúvidas: a China passou de 10% de crescimento do PIB para 7% ou 8% hoje, a Índia registrava 7 ou 8% e agora tem 4%, enquanto a Rússia passou de 8% para 4%.

O diário evoca a queda das exportações mundiais para explicar o desempenho mais fraco, mas também observa que cada país tem as suas particularidades. No caso do Brasil e da Índia, a falta de investimentos em infraestrutura fragiliza a economia. “A oferta de produtos e serviços é freada por um dirigismo e um protecionismo na Argentina, na Índia ou no Brasil”, complementa.

O analista François-Xavier Bellocq, ouvido pelo jornal, destaca que “a emergência é a capacidade de um país transformar o seu crescimento em desenvolvimento econômico e social sustentáveis”. Resultado de um processo inacabado de desenvolvimento, é fácil compreender por que o Brasil, apesar de ser a sexta potência mundial, permanece com o 85º lugar no ranking de Desenvolvimento Humano da ONU, enquanto a China, segunda potência econômica, encontra-se na 101ª posição. “Os problemas estruturais deles estão ardendo”, comenta o economista Yves Zlotowski.

O Le Monde sublinha ainda que as fortes desigualdades sociais nos países emergentes desencadeiam a “violência crescente”, “causando uma instabilidade política pouco propícia à realização dos projetos dos consumidores e investidores”.

O diário francês avalia que estes países emergentes estão agora sujeitos aos “saltos de humor” dos mercados e o crescimento econômico impulsionado pela demanda da China está com os dias contados. Este espaço será em breve preenchido pelos novos emergentes, países como Nigéria, Gana, Indonésia, Filipinas e, na América Latina, por Chile, Peru ou Colômbia.
 

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