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Grifes internacionais assinam acordo sobre segurança em confecções de Bangladesh

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Foi preciso uma tragédia que matou mais de 1100 pessoas para que grandes marcas de moda ocidentais prestassem mais atenção às condições de trabalho de seus fornecedores em Bangladesh. Nesta quarta-feira, um acordo reuniu mais de 20 empresas multinacionais que se comprometem a financiar iniciativas para garantir mais segurança aos trabalhadores. Esse episódio mostra que é preciso exigir mais transparência sobre o modo de produção dos bens de consumo - inclusive no Brasil, onde aumentam as denúncias de trabalho escravo na confecção. 

Restos do edifício Rana Plaza, perto da capital Dacca, em Bangladesh que desabou dia 24 de abril.
Restos do edifício Rana Plaza, perto da capital Dacca, em Bangladesh que desabou dia 24 de abril. REUTERS/Andrew Biraj
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Foi somente depois que mais de 1.100 trabalhadores morreram no desabamento de um prédio em Bangladesh no dia 24 de abril que consumidores de todo o mundo começaram a se questionar sobre o modo de produção das roupas que têm no armário.

O edifício Rana Plaza, perto da capital Dacca, abrigava ateliês de confecção que fabricavam peças para marcas como a italiana Benetton e a britânica Primark. Diante da indignação internacional, essas e mais de 20 outras grandes empresas multinacionais, incluindo Zara e Carrefour, assinaram um acordo proposto pelos sindicatos IndustriAll e UNI Global Union, que representam milhares de trabalhadores ao redor do mundo.

O documento prevê que as companhias ocidentais financiem parte da renovação das fábricas têxteis de Bangladesh. Além disso, elas deverão pressionar seus fornecedores locais a respeitarem as normas de segurança, como explica Alke Boessiger, da UNI Global Union: "Com esse acordo as empresas estão se comprometendo a dar uma contribuição financeira para contratar um inspetor de segurança independente do governo e dos patrões do setor, que treinará outras pessoas para fiscalizar as fábricas têxteis."

O acordo assinado nesta quarta-feira enfoca a questão da segurança. Mas as organizações sindicais também estão trabalhando com o governo e as associações de empregadores do setor na criação de um programa para aumentar o salário mínimo e assegurar o respeito aos direitos dos trabalhadores - um problema urgente em Bangladesh, segundo Tom Grinter, da IndustriAll.

"Bangladesh é o campeão no que chamamos de corrida para o fundo do poço, na qual países competem para atingir os custos de mão-de-obra e produção mais baixos. Em Bangladesh o salário é quatro vezes menor que na China e na India, e ainda mais baixo que no Camboja e na Indonésia", diz ele.

Muitos trabalhadores do setor têxtil de Bangladesh recebem o salário mínimo mensal, cerca de 78 reais. Uma situação que as ongs internacionais presentes no país comparam ao trabalho escravo. E que não é muito diferente de alguns casos descobertos na cidade de São Paulo nos últimos anos, envolvendo marcas conhecidas como Zara e Pernambucanas.

Luiz Machado, coordenador do programa de combate ao trabalho forçado no Brasil da Organização internacional do Trabalho, explica que não existem estatísticas sobre o trabalho escravo em confecções clandestinas no Brasil, mas aponta que as vítimas são principalmente imigrantes bolivianos em situação irregular. 

Clique em "Ouvir" para conferir o programa completo.

 

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