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Reportagem

Relatório relança debate sobre massacres contra tribos indígenas

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Um relatório realizado em 1967 detalhando massacres a populações indígenas na Amazônia foi descoberto em meio ao acervo do Museu do Índio. O documento estava perdido desde a década de 60. Agora, ele será analisado pela Comissão Nacional da Verdade, que apura violações aos direitos humanos perpetradas entre 1947 e 1988.

Massacres contra tribos da Amazônia na década de 60 serão investigados pela Comissão da Verdade.
Massacres contra tribos da Amazônia na década de 60 serão investigados pela Comissão da Verdade. Reuters
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O documento foi batizado como relatório Figueiredo, em função do procurador Jader de Figueiredo Correa, que o organizou nos anos 60. Em mais de 7.000 páginas são descritos episódios de assassinatos em massa, tortura, abuso sexual, escravidão e roubo de terras contra tribos do norte do Brasil. Algumas delas foram completamente dizimadas.

A ativista Fiona Walker, da organização inglesa Survivor International, que se dedica à proteção de comunidades indígenas, comenta a importância do documento. "Esse documento permite que os índios conheçam mais sua história e saibam o que foi feito de suas tribos", afirma.

O levantamento das atrocidades foi encontrado pelo pesquisador Marcelo Zelic, da organização Tortura Nunca Mais de São Paulo, e já foi encaminhado à Comissão da Verdade.

A psicanalista Maria Rita Kehl será encarregada de analisar o conteúdo das acusações. "É um documento complexo que vai nos dar muito trabalho. Já estamos prevenidos de que vamos ter que analisá-lo com muito cuidado e discernimento. Ao mesmo tempo em que relata muitas violações aos direitos dos povos indígenas, por se tratar de um relatório elaborado em plena ditadura militar, também traz algumas acusações que vão exigir que procuremos outros subsídios para avaliar [as denúncias] sem nos precipitarmos", pondera a psicanalista.

As páginas do relatório Figueiredo revelam que os abusos eram cometidos inclusive por funcionários do Serviço de Proteção ao Índio, instituição que foi substituirá pela Fundação Nacional do Índio, a FUNAI.

Na época da elaboração do relatório, 134 funcionários foram acusados de mais de 1.000 diferentes crimes, e 38 foram demitidos. Nenhum deles, porém, foi preso pelas atrocidades.

Instituições que lutam pelos direitos dos indígenas alegam que, mesmo mais de 40 anos depois do relatório, a situação dos índios no Brasil ainda é precária. A mineração e a construção de usinas hidrelétricas em reservas indígenas hoje são os maiores problemas enfrentados por essas populações.

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