Mídia internacional revela sistema mundial de evasão fiscal
Depois da revelação nesta quinta-feira que o tesoureiro da campanha de François Hollande, Jean-Jacques Augier, é acionista de empresas offshore nas ilhas Cayman, paraíso fiscal situado no Caribe, o jornal francês Le Monde publicou nesta tarde o resultado de uma longa investigação sobre um sistema mundial de evasão fiscal. Os detalhes foram apurados por uma associação de jornalistas e o assunto foi destacado nos principais jornais do mundo em um caso que vem sendo chamado de Offshore Leaks.
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Um grupo de 86 jornalistas de investigação de 46 países teve acesso a 2,5 milhões de documentos de duas organizações que oferecem serviços offshore. O resultado do trabalho é a revelação de informações secretas de mais de 120 mil empresas fantasmas nas ilhas Cayman e em Cingapura.
Entre os acionistas das empresas offshore, encontram-se dentistas americanos, filhos de ditadores, oligarcas russos, homens de negócios de Wall Street, traficantes de armas, bilionários asiáticos e europeus, e até mesmo uma empresa envolvida no programa nuclear iraniano. Uma centena de franceses também são beneficiários das offshore, a exemplo de Augier, que seria acionista de duas destas empresas nas ilhas Cayman, utilizando sua sociedade holding Eurane.
De acordo com a investigação, dois bancos franceses, o BNP Paribas e o Crédit Agricole, teriam ajudado seus clientes a escapar das autoridades fiscais. O Le Monde vai ainda mais longe e cita personalidades que participam do esquema de evasão de impostos nos paraísos fiscais, como Maria Imelda Marcos Manotoc, filha de um ex-ditador filipino, o ditador do Zimbábue Robert Mugabe ou ainda o ex-ministro das Finanças da Mongólia, Bayartsogt Sangajav.
Buracos negros da economia mundial
Centenas de bilhões de dólares transitam a cada ano através destes paraísos fiscais. De acordo com a organização não-governamental Transparency International, haveria cerca de 50 paraísos fiscais no mundo onde se encontrariam 2 milhões de empresas fantasmas e dois terços dos 2 mil fundos especulativos.
Os fundos especulativos seriam especialmente responsáveis pela crise financeira atual que desestabilizaram a Grécia e o Chipre. De acordo com um estudo do Banco Mundial, esta fraude acarretaria em perdas consideráveis para as administrações fiscais, um valor próximo de 1,5 bilhão de dólares no mundo por ano; o equivalente a 3 bilhões de reais.
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