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Reportagem

Cooperação sul-sul inova e é apreciada pelos governos africanos

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Ao falar do Brics, o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, especialistas de todas as áreas costumam se referir à forma menos arrogante com que os emergentes estabelecem seus programas de cooperação em comparação com ex-potências coloniais. Esse novo padrão agrada aos governos africanos.

Delegação brasileira em reunião preparatória da 5ª Cúpula do Brics na África do Sul.
Delegação brasileira em reunião preparatória da 5ª Cúpula do Brics na África do Sul. Flickr/Brics 5
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Os países do Brics não querem se posicionar como doadores internacionais nos moldes como atuaram até hoje os países desenvolvidos do norte, particularmente no continente africano. A afirmação é de Oliver Hillel, oficial do programa do Secretariado da Convenção sobre Biodiversidade das Nações Unidas, em Montreal, um observador assíduo de negociações multilaterais. Hillel considera o Brics cada vez mais influente nas decisões das agências da ONU. Ele destaca que os emergentes contribuem com uma agenda do país recebedor de apoio, e não com uma agenda imposta pelos interesses do investidor (clique acima para ouvir a entrevista completa com o biólogo).

A cooperação "à moda Brics" leva em conta necessidades locais, parece respeitar prioridades apontadas pelos governos beneficiados, e exige menos "condicionalidades", jargão utilizado pelos analistas quando falam do preço político cobrado em troca de investimentos e solidariedade financeira. Essa cultura Brics vem se consolidando nas negociações sul-sul e faz diferença para os países africanos.

Adriana Erthal Abdenur, coordenadora-geral do Brics Policy Center e professora de Relações Internacionais da PUC-Rio, afirma que a China, com seus investimentos bilionários na África, costuma impor uma condição: só negocia com países que não mantêm relações diplomáticas com Taiwan, a província autônoma considerada rebelde pelo governo chinês. O Brasil, que não tem a abundância de capital que a China possui, tampouco impõe cláusulas transsetoriais, afirma Abdenur. Já os países do norte fazem exigências como a adoção de seu modelo de democracia e projetos de desenvolvimento voltados aos interesses dos países industrializados.

"Acho que a África tem experiências negativas com muitos países europeus. O padrão de investimentos e de ajuda que o norte oferece já não é mais bem-visto por muitos africanos. Eles perderam a esperança de que os europeus possam ajudar no desenvolvimento do continente e, nesse contexto, o Brics oferece um momento novo", diz Sérgio Veloso, pesquisador que participou do Fórum Acadêmico do Brics pelo think-tank carioca.

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