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Brics/África do Sul

Posição da Rússia sobre Síria pode gerar desconforto na reunião do Brics

O conflito na Síria deve dar trabalho à diplomacia brasileira durante a 5ª Cúpula de Líderes do Brics em Durban. Ongs têm pressionado o Itamaraty a defender o envio de ajuda humanitária em larga escala ao país, em guerra civil há dois anos, mas a Rússia, principal aliado do regime de Bashar al-Assad, já deu sinais de que vai impor sua visão do assunto na declaração final dos emergentes.

Os integrantes do Brics em reunião no México, antes da recente cúpula do G20.
Os integrantes do Brics em reunião no México, antes da recente cúpula do G20. Reuters
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Após dois anos de conflitos de extrema violência, a situação humanitária na Síria é considerada catastrófica, segundo a ong Médicos Sem fronteiras (MSF). A ajuda oferecida é drasticamente inferior às necessidades da população. O bloqueio diplomático que impede uma resolução política do conflito não pode, de forma alguma, segundo a MSF, justificar o fracasso da resposta humanitária.

No entanto, o presidente russo, Vladimir Putin, avisou esta semana que o Kremlim prepara uma lista detalhada de suas “principais visões sobre assuntos relevantes da agenda internacional como a crise na Síria, os problemas do Afeganistão, Irã e Oriente Médio" para apresentar aos colegas em Durban.

Recentemente, uma conselheira do presidente sírio agradeceu o Brics pelo apoio que, segundo ela, teria evitado uma intervenção militar ocidental no país. “Graças a Deus, existe a Rússia, a China, a Índia e o Brasil que ao menos colocam um pouco de razão no que acontece dentro da comunidade internacional. Caso contrário, teríamos encarado o mesmo que a Líbia", disse Bouthaina Shaaban.

O cientista político Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo e autor do blog Post-Western World, disse à RFI que dificilmente Brasil, Índia e África do Sul vão conseguir contrabalançar o peso da Rússia nas discussões sobre a Síria em Durban.

"Para Moscou, a Síria é um grande comprador de armas e o último aliado numa região em que os russos perderam influência", lembra Stuenkel. "A relutância russa em deixar outros países agirem na Síria é uma forma de preservar poder, uma maneira de dizer aos ocidentais ‘nós ainda somos importantes’, enquanto concordar com eles seria percebido como uma posição de submissão", analisa Stuenkel.

Sem o aval de Rússia e China, ambos com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, nada deve mudar na Síria, e enquanto esse status quo durar, a Rússia terá a impressão de se fortalecer, pouco importam os 70 mil sírios mortos. É muito provável que Rússia e China critiquem com firmeza a decisão dos ocidentais de armar os rebeldes sírios para acelerar a queda do regime de Damasco. Seria uma violação a um dos princípios mais valorizados pelos emergentes, a não-ingerência em assuntos internos de outros países.

O Itamaraty afirma que não se sente obrigado a concordar com a posição russa e vai buscar "um denominador comum".

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