Oscar Niemeyer, o arquiteto brasileiro conhecido mundialmente por ter dado leveza ao concreto armado, deixa mais de 600 obras espalhadas pelo mundo. Na França, onde se exilou durante a ditadura militar no Brasil, Niemeyer deixou suas marcas na paisagem, com um legado de quase vinte obras. Entre elas, algumas emblemáticas, como a sede do Partido Comunista Francês, a Bolsa de Trabalho da cidade de Bobigny, na periferia de Paris, e o Centro de Cultura do Havre, conhecido como "o Vulcão". Todas elas com um cunho social e político tão reivindicado por este comunista perceverante.Em entrevista ao jornal L'Humanité em 2007, o arquiteto disse que amava a França e os amigos que fez aqui como o filósofo e escritor, Jean Paul Sartre, e o escritor e ministro da Cultura durante o governo de De Gaulle, André Malraux, idealizador do Centro de Cultura da cidade do Havre, uma obra pioneira e inovadora, que saiu do papel em 1982. O projeto tinha o objetivo de descentralizar a cultura na França, como nos explica seu diretor, Jean François Driant.Outra obra de Niemeyer em Paris que aliou suas convicções políticas a sua arte, foi a sede do Partido Comunista Francês, projetado em 1965 e inaugurado seis anos depois. Tombado como patrimônio histórico da cidade, a sede do PCF é o prédio mais visitado durante a jornada do patrimônio francês, que ocorre cada ano, em setembro.O jornal comunista L'Humanite, também confiou o projeto de sua sede ao arquiteto brasileiro. O prédio, construído em Saint Dennis, no norte de Paris, foi inaugurado em 1989. Sua fachada e tetos também foram inscritos no patrimônio da cidade no mesmo ano. Devido a dificuldades financeiras, o jornal vendeu seu prédio em 2008, mas o edifício concebido por Niemeyer continua sendo considerado a sede histórica do jornal.O país que Niemeyer tanto amou rende homenagem ao arquiteto nos próximos dias. Os presidente do PCF, Pierre Laurent, anunciou que o partido organizará jornadas de portas abertas para que os franceses possam visitar a obra do arquiteto. Já o Centro de Cultura do Havre deve exibir filmes da construção da obra e entrevistas do arquiteto recentes, feitas no Rio de Janeiro.
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