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Portugal/ Crise

Com mais táxis que clientes, motoristas de praça de Lisboa sofrem com a crise

Pegar um táxi na capital lisboeta não é problema para ninguém, dá até para escolher a marca do carro. Mesmo nas horas de maior tráfego, são dezenas que passam sem passageiros, em busca de uma corrida que possa ajudá-los a completar o objetivo do dia.  

Helder Mendes, motorista de táxi em Lisboa, tem dificuldades em sobreviver com a crise.
Helder Mendes, motorista de táxi em Lisboa, tem dificuldades em sobreviver com a crise. L. Constant
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“Vou esperar passar uma Mercedez, é mais confortável”, diz a senhora ao meu lado para a amiga. Em menos de três minutos, contados no meu relógio, ela estava entrando no carro da sua marca favorita. Estamos na movimentada Rua do Ouro, perto da Praça do Rossio.

Sem as mesmas exigências, estendo a mão para o primeiro táxi livre, o do Seu Helder Mendes. “Como anda a situação na profissão?”, eu pergunto. A resposta vem rápida, como se ele já estivesse acostumado a ser interrogado sobre o assunto.

“Estamos em crise, e por duas razões: a primeira, é porque não há dinheiro, está tudo muito complicado. Em segundo, há taxis demais em Lisboa, deram muitas licenças quando teve a Expo-98 e o mercado ficou sobrecarregado”, ele afirma. “Com a crise, até os particulares estão transportando gente, fazendo concorrência com a gente. Nos últimos cinco anos, a situação piorou muito”, diz Seu Helder, dizendo que tem muita dificuldade para “fazer uma folha” miserável para sobreviver.

Em geral, o objetivo do dia é ganhar 100 euros (cerca de 250 reais), dos quais os motoristas de frota ficam com 35%. Mas, com frequência, eles não conseguem “fechar a bola”, como lamenta o meu entrevistado, lembrando que os principais clientes são os executivos apressados. “Os turistas sabem que estamos em crise e mesmo assim ficam perguntando quanto custa a corrida, mesmo curta, antes de entrar no carro. Deve ser a crise para eles também”, observa Seu Helder.

“Até mesmo a gratificação espontânea está sumindo”, reclama o simpático senhor com uma piscadinha de olho, sabendo muito bem que vou lhe deixar uma boa gorjeta.

Mudanças negativas

Nos últimos anos, a tarifa dos transportes públicos portugueses aumentou quatro vezes, mas o aumento não foi repassado para os motoristas de praça. Outro golpe duro foi a perda da exclusividade do transporte para doentes não urgentes, antes reservada às ambulâncias e aos taxistas. Hoje, qualquer veículo de até nove lugares pode fazer o trabalho, se o condutor tiver um curso de primeiros socorros e duas placas de identificação.
 

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