Com estilo mais firme, Hollande revela custo da crise para os franceses
O anúncio do rigoroso plano de economias para a França apresentado no domingo à noite pelo presidente François Hollande durante uma entrevista ao principal telejornal do país divide as manchetes dos jornais com a polêmica decisão do homem mais rico da França, Bernard Arnault, de pedir a nacionalidade belga.
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Hollande confirma um aperto fiscal sem precedentes, resume Les Echos. O jornal destaca que o líder socialista fixou a meta de dois anos para consertar a situação econômica da França e das contas públicas. Les Echos chama de "histórico" o esforço do presidente em arrecar 20 bilhões de euros por meio de impostos e o corte de 10 bilhões do orçamento do governo para 2013.
O conservador Le Figaro ironiza dizendo que os franceses que aguardavam uma "mudança já", como prometia Hollande durante a campanha eleitoral, terão que esperar mais um pouco. A referência é à data de 2014 fixada pelo presidente para trazer o país de volta ao caminho da prosperidade e do equilíbrio orçamentário. Para o jornal conservador, Hollande tenta fazer na França o que Gerard Schroder fez com a Alemanha, mas com a diferença de que o chanceler alemão lançou reformas para melhorar a competitividade do país enquanto o presidente francês aposta no aumento de impostos e entrega aos patrões e empregados a dura tarefa de reformar o mercado de trabalho em busca de uma melhora da competitividade.
Hollande apresentou a fatura aos franceses, conclui o Le Parisien ao fazer as contas de cada um nesse esforço para enfrentar a crise: 30 bilhões de euros, divididos em partes iguais para a população, as empresas e o governo, que fará cortes drásticos em todos os setores. Os franceses descobriram ontem um novo presidente, com tom e estilo firmes, que confirmou a disposição de cobrar impostos de 75% dos que ganham mais de 1 milhão de euros no país.
Os jornais lembraram que a intervenção do presidente francês acontece durante uma polêmica que agitou o meio político e econômico francês: o pedido do homem mais rico da França, Bernard Arnault, de obter a nacionalidade belga. Caia fora rico imbecil, reagiu em manchete o Libération, ao resgatar uma frase do ex-presidente Sarkozy que certa vez insultou um trabalhador que criticou seu governo. Mesmo garantindo que vai continuar a pagar seus impostos na França, Arnault, dono da maior fortuna pessoal do país e a quarta maior do mundo, construída pelo seu império de luxo LVMH, não deixa de ser uma crítica explícita à política fiscal do governo, afirma o Libé.
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