Nobel da Paz defende julgamento de Bush e Blair pela guerra no Iraque
O arcebispo sul-africano e Prêmio Nobel da Paz, Desmond Tutu, disse em um artigo publicado neste domingo pelo diário The Observer que o ex-presidente americano George Bush e o ex-premiê britânico Tony Blair deveriam ser julgados no Tribunal Penal da ONU, em Haia, pela guerra no Iraque, que foi baseada, segundo o arcebispo, em uma “mentira”. Em comunicado, Blair respondeu que se trata de uma “velho refrão”.
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No jornal, Desmond Tutu explicou as razões por ter cancelado sua participação em uma Conferência em Johanesburgo que terá a participação de Tony Blair. O arcebispo acusa o ex-premiê britânico e o americano George Bush de terem mentido ao usar o pretexto da presença de armas de destruição de massa no Iraque para justificar a invasão do país, sendo que o único objetivo deles era “eliminar Saddam Hussein”, o ex-presidente do país.
Desmond Tutu estima que Blair e Bush contribuiram desta maneira a “desestabilizar e polarizar o mundo em um nível nunca antes visto por nenhum conflito da história”. Em seu artigo, ele também citou números da guerra do Iraque que teria provocado a morte de 6,5 pessoas diariamente, vítimas de atentados suicidas e de explosões de veículos.
“Mais de 110 mil iraquianos morreram no conflito desde 2003 e milhões tiveram que deixar suas casas”, e no fim de 2011, “cerca de 4.500 soldados americanos foram mortos e mais de 32 mil ficaram feridos”, segundo o arcebispo.
“Só por esses dados, em um mundo coerente, os responsáveis por esse sofrimento e pelas perdas de vidas humanas deveriam seguir o mesmo caminho que alguns de seus pares africanos e asiáticos que tiveram que responder por seus atos (diante do Tribunal Penal Internacional) em Haia”, afirmou.
“Os bons dirigentes são guardiães da moral” e “ a questão não é de saber se Saddam Hussein era bom ou mau, ou quantos pessoas de seu povo ele massacrou. A questão é que George Bush e Tony Blair não deveriam nunca ter se rebaixado a tal nível de imoralidade”, afirmou Desmond Tutu.
Em resposta através de um comunicado na internet, Tony Blair, afirmou que apesar de todo o respeito que mantém pelo arcebispo por seu combate contra o apartheid, qualificou as acusações de mentira como um “velho refrão”, argumentando que “todas as investigações independentes demonstraram o contrário”, segundo ele.
Blair também julgou "estranho" da parte do arcebispo considerar que todos os massacres cometidos por Saddam Hussein contra seu povo "não tenham nenhuma ligação com a moral”. Segundo o ex-premiê, o debate se repete sem nada de novo a acrescentar e ele ironiza dizendo que “numa democracia saudável, as pessoas podem estar de acordo para não estarem de acordo”.
"Apesar dos problemas, a economia do Iraque é agora, pelo menos três vezes maior do antes, e a mortalidade infantil foi reduzida em um terço ", concluiu Blair.
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