Acessar o conteúdo principal
Londres 2012

Segurança dos Jogos Olímpicos é ameaçada por escândalo com empresa terceirizada

A dez dias da abertura das Olimpíadas, as falhas na gestão da segurança dos Jogos Olímpicos de Londres provocam polêmica no país e são investigadas por uma comissão parlamentar. Hoje, os deputados britânicos ouvem o depoimento de Nick Buckles, diretor da empresa de segurança privada G4S, que informou recentemente não ter conseguido recrutar o total de 10.400 seguranças previstos no contrato assinado com o governo britânico.

Militares britânicos se reúnem do lado de fora do complexo olímpico, em Londres.
Militares britânicos se reúnem do lado de fora do complexo olímpico, em Londres. REUTERS/Andrew Winning
Publicidade

A ministra do Interior, Teresa May, enfrenta momentos de constrangimento na Grã-Bretanha. Ontem, ela foi obrigada a admitir diante dos deputados no parlamento que não sabia exatamente quantos agentes de segurança privados estarão mobilizados durante os Jogos Olímpicos. A oposição prevê uma "bagunça gigantesca".

A polêmica começou quando veio à tona, na semana passada, que a empresa G4S não tinha conseguido recrutar o número de agentes de segurança previstos em contrato, levando o governo a convocar de última hora 3.500 soldados e centenas de policiais para suprir a falta de vigias. "A operação de segurança mais importante já planejada na Grã-Bretanha desde a Segunda Guerra Mundial", como se vangloriava até então o governo britânico, foi enternecida. Mesmo entre os conservadores, vozes se levantam para denunciar os riscos de confiar operações de segurança e outros serviços públicos essenciais ao setor privado.

Além da segurança dos Jogos Olímpicos, a maioria dos serviços públicos britânicos são terceirizados pelo Estado. A ponto de o jornal Financial Times escrever que do nascimento à sepultura a vida dos britânicos depende das empresas. Essa tendência piorou com o amplo corte de gastos públicos adotado pelo governo do premiê David Cameron. Todos os setores da administração devem reduzir de 20% suas despesas até 2020, o que aumenta a oferta de contratos para o setor privado.

Desde o auge do liberalismo dos tempos de Margaret Thatcher, nos anos 80, a subcontratação de serviços privados não chegava a valores tão elevados na Grã-Bretanha. Segundo uma estimativa do jornal The Guardian, só neste ano o governo vai pagar 4 bilhões de libras esterlinas para prestadoras de serviços públicos.

Essa visão divide opiniões até no campo dos conservadores. William Waldegrave, ex-membro do governo conservador do primeiro-ministro John Major (1990-1997), disse em entrevista ao jornal Times que "é possível confiar no setor privado para vender carros, mas cabe ao Estado proteger os mais fracos".

Há cerca de um ano, a opinião pública britânica ficou chocada com a falência da maior administradora de casas para aposentados da Inglaterra, a empresa Southern Cross, que deixou milhares de idosos na rua.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.