Imprensa traz novas revelações sobre os testes nucleares franceses e casos de câncer

O jornal Aujourd'hui en France traz em sua edição de hoje novas revelações sobre uma possível ligação entre os testes nucleares realizados pela França na Argélia e na Polinésia Francesa com certos tipos de câncer desenvolvidos pelos militares que participaram dos ensaios.

Testes nucleares na Polinésia francesa e na Argélia podem estar ligados ao desenvolvimento de certos tipos de câncer. DR

O jornal cita uma perícia médica feita a pedido da justiça francesa, que desde 2004 recebeu denúncias de vítimas de radiação. O autor do estudo, Florent de Vathaire, afirma ao Aujourd'hui en France ter recolhido vários elementos que permitem estabelecer uma ligação entre as emissões radioativas dos testes nucleares e o desenvolvimento de tumores malignos, principalmente casos de leucemia e tumores da tireóide.

Desde 2003, a Associação de Vítimas dos Testes Nucleares tenta obter uma prova formal dos danos provocados à saúde tanto nos militares envolvidos nos testes como nas populações que moram perto das áreas contaminadas.

O relatório lamenta, no entanto, que nunca será possível estabelecer a 100% a relação de causa e efeito entre as radiações e os tumores malignos. O autor do estudo também lamenta não ter tido acesso a todos os dados do dossiê, porque até hoje vários documentos são protegidos pelo sigilo segurança nacional.

Os testes nucleares franceses começaram nos anos 60 no deserto do Sahara, em uma área no terrirório da Argélia, e foram realizados até 1996 nas ilhas da Polinésia Francesa, no Pacífico.

Ao todo 150 mil civis e militares foram expostos aos 210 testes nucleares realizados pela França para testar suas armas atômicas.