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Imprensa Francesa

No Monde, a floresta devastada; no Figaro, o ritmo louco de São Paulo

Enquanto Le Monde desta quarta-feira critica duramente o Novo Código Florestal em artigo de Nicolas Bourcier, Le Figaro exalta, numa matéria turística de Cédric Morisset, os agitos paulistanos. "Uma cidade fervente", diz o texto, "repleta de energia e criatividade", onde convivem gente do mundo inteiro, pobreza e luxo "a perder de vista". Mas o repórter não se deixa perder de vista dentro do nosso monstro de 20 milhões de habitantes: de olho no design, na arquitetura, nos restaurantes e em muito consumo, ele comprime seu roteiro entre a Av. Paulista e a R. Oscar Freire, com um ou outro pulo na Vila Madalena (onde ele recomenda o Bar Secreto, sem deixar de lembrar que Madonna passou por lá) e na Cidade Jardim. E exalta o "caos urbano" que é a capital paulista. 

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Mas, caos mesmo seria a entrada em vigor do novo código florestal cuja aprovação, para Le Monde, consagraria "o divórcio entre o mundo científico e os meios políticos brasileiros", já que o projeto de lei "não se apoia em nenhum trabalho científico". Ou ainda, entre "produção" e "preservação". A balança pende para o primeiro, diz o artigo, que elenca algumas das atrocidades do Código: anistia a desmatadores, desobrigação de replantar zonas desmatadas e autorização para intervenções em áreas de manancial e picos de montanha. E estima que nos estados cuja área protegida ultrapassa 65% do território, a reserva legal cairia para 50%. Assim, o novo código ameaçaria 690 mil km² de área verde - "uma zona maior do que a França".

Para o articulista do Monde, este pode ser o momento mais importante da presidência de Dilma Rousseff, "um daqueles instantes em que se define uma carreira". A presidenta tem até sexta-feira para sancionar ou vetar o Novo Código Florestal, visto pelo texto como "uma vitória dos ruralistas". Sua decisão deve impactar diretamente o Rio+20, a conferência sobre desenvolvimento durável que reunirá 135 chefes de estado e governo no Rio de Janeiro.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, profundamente envolvida nos preparativos para a cúpula, declarou na semana passada esperar um veto total. Mas, o ministro da agricultura Mendes Ribeiro falou que acha alguns pontos do projeto de lei inaceitáveis, dando a entender que Dilma aprovaria determinadas medidas e reprovaria outras. O secretário do Meio Ambiente Carlos Minc fez coro com ele e disse que entre 12 e 14 pontos devem ser reprovados. Dilma não deu qualquer indício de qual será sua decisão. Mas o fato é que o Brasil, urbano, turístico, agrário ou ruralista, é o centro das atenções.

 

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