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Atrasos da Copa 2014 e crise entre Brasil e Fifa são destaques da imprensa francesa

O racha entre o governo do Brasil e a Federação Internacional de Futebol e os atrasos nos preparativos para a Copa de 2014 ganharam uma página inteira do jornal francês Libération que circula nesta quarta-feira. Apesar de aceitar as desculpas formais do número 2 da FIFA, Jérôme Valcke, que sugeriu um "pé no traseiro" do país para acelerar as obras para o Mundial, o ministro dos Esportes Aldo Rebelo ainda não voltou atrás sobre a decisão de não mais reconhecer o secretário-geral como interlocutor do governo brasileiro, informa o diário francês.

Funcionários trabalham nas obras do estádio Amazonia, em Manaus.
Funcionários trabalham nas obras do estádio Amazonia, em Manaus. Reuters
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O Libération comenta que a visita de Valcke ao Brasil, programada para esta semana, foi adiada por tempo indeterminado e a crise só deverá chegar ao fim após o encontro entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente da FIFA, Joseph Blatter.

O jornal destaca uma frase de Jérôme Valcke de que o Brasil estaria mais preocupado em ganhar do que organizar a Copa do Mundo. "Estamos inquietos porque nada está sendo feito ou preparado para receber tanta gente", disse o secretário-geral da Fifa.

O ex-jogador Ronaldo, membro do Comitê Organizador Local da Copa, reconhece os atrasos mas o ministro dos Esportes garante que tudo ficará pronto a tempo. A demissão de Ricardo Teixeira da presidência da CBF virou outro motivo de preocupação da Fifa, e no Brasil, segundo o Libération, até evocaram a possibilidade de a entidade recorrer a um plano "B", o que a Federação de Futebol nega.

Os preparativos para a Copa contrastam com as obras para as Olimpíadas de 2016 que estão em ritmo bom, avalia o jornal.

Atrasos

O problema não é tanto em relação aos doze estádios que vão acolher os jogos do Mundial, já que em 10 deles as obras estão entre 30% e 50% concluídas. Para o diário francês, todo o resto está pendente. A começar pela Lei da Copa que só nesta semana deverá ser votada pelo Congresso.

O mais grave, segundo o Libération, é o parque hoteleiro e a infraestrutura das doze capitais que são insuficientes para receber os 600 mil turistas estrangeiros e os 3 milhões de brasileiros que vão circular pelo país durante o evento. O jornal informa que o IPEA já avisou que em 9 dos 13 aeroportos previstos para operar durante a Copa, as obras de ampliação não ficarão prontas.

Em algumas cidades, as obras de transporte público nem começaram, alerta o Libé. O governo brasileiro não julga as obras essenciais para a competição, uma forma de reconhecer que não ficarão prontas a tempo, escreve o jornal.

O editorialista da Folha de São Paulo, Juca Kfouri, explica ao Libération que no Brasil as coisas são feitas de maneira irresponsável e, às vezes, os atrasos são intencionais para que os custos sejam superfaturados para a entrega dos compromissos no prazo. Como exemplo, o Libération cita os Jogos Panamericanos de 2007 no Rio que custaram oito vezes mais do que o previsto.

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