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Greve na Bahia expõe vários problemas da Polícia Militar, diz imprensa francesa

A greve do policiais militares na Bahia é destaque nas páginas do jornal francês Le Figaro que circula nesta quarta-feira. Ilustrada com uma foto de policiais saudando um helicóptero do Exército sobrevoando a Assembleia Legislativa baiana, a reportagem explica os motivos que levaram a categoria a cruzar os braços e as consequências do movimento para a população local e para uma das principais fontes de receita do Estado: o turismo.

Policiais militares à frente da Assembleia Legislativa de Salvador, nesta terça-feira.
Policiais militares à frente da Assembleia Legislativa de Salvador, nesta terça-feira. REUTERS/Lunae Parracho
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Cerco a Salvador da Bahia, foi o título escolhido pelo Le Figaro para dar a seus leitores a dimensão da situação tensa em uma das cidades brasileiras mais conhecidas dos franceses. A reportagem começa explicando que a estratégia escolhida pelos policiais grevistas, que ocupam o interior da Assembleia Legislativa para exigir aumento de salário, foi usar crianças e adolescentes como escudos humanos.

É a presença deles que impede o Exército de invadir o prédio, escreve o jornal francês. Esse movimento social ilegal, já que os policiais militares dependem do Exército, provocou uma onda de criminalidade com 93 assassinatos nos seis primeiros dias de greve, ou seja, uma alta de 130% em relação à semana anterior, informa o Le Figaro, citando ainda os prejuízos acima de 400 milhões de reais estimados pela Câmara de Comércio da Bahia.

A euforia que toma conta de Salvador nesta época do ano, às vésperas do carnaval, foi substituída pelo medo. Além de escolas, lojas e restaurantes fechados e concertos anulados, os alertas dos governos dos Estados Unidos e da China para seus cidadãos evitarem viajar à cidade foi outro duro golpe ao turismo, escreve o jornal.

Preocupação

O governador Jacques Wagner, do mesmo partido da presidente Dilma Rousseff, adotou uma posição inflexível e não negocia com grevistas armados, apesar de propor um aumento gradual de salários a partir do ano que vem.

Mas o problema dos policiais militares ultrapassa as fronteiras da Bahia e o governo federal teme que o movimento se estenda a outras regiões do país e leve estados à falência, se for adotada a lei fixando um aumento do salário mínimo para a categoria em nível nacional.

Para o Le Figaro, a greve revela a disparidade dentro do funcionalismo público e os policiais, assim como os professores, se sentiram frustrados e pouco se beneficiaram com a reorganização feita pelo ex-presidente Lula.

A greve ainda levanta outra questão, aponta o Le Figaro: a ligação umbilical da polícia militar com o Exército que impede uma mobilização sindical tradicional, o que dá margem a protestos organizados por uma minoria.

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