Kadafi, a trajetória de um ditador 42 anos no poder
Figura controversa no cenário internacional, Kadafi chegou ao poder em 1969, depois de derrubar a monarquia do rei Idris I. Acusado de envolvimento em atentados como o de Lockerbie, na Escócia, em 1988, ele já foi recebido com honras de chefe de estado na França em 2007.
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Mouammar Kadafi nasceu em 19 de junho de 1942 em Qasr Abou Hadi, cidade próxima a Syrte, na Líbia. Iniciou a carreira militar aos 17 anos, após integrar a Academia Militar de Benghazi, segunda cidade da Líbia, e a Real Academia Militar de Sandhurst, na Inglaterra.
Já oficial do exército, organizou a oposição ao rei Idris l, que mantinha relações cordiais com o governo dos Estados Unidos, facilitando a imigração americana e permitindo a exportação do petróleo líbio em negociações que supostamente não traziam compensações ao país. Kadhafi chegou ao poder em 1969, quando um grupo de oficiais do exército tomou Trípoli e derrubou a monarquia de Idris.
Em 1976, publicou o Livro Verde, que rejeita o marxismo e o capitalismo e afirma os ideais da revolução, ligados a aspectos do islamismo. No ano seguinte, reorganizou as instituições políticas e fez do país uma Jamahiriya (“Estado das massas”, em tradução literal), teoricamente governado segundo um sistema direto de democracia, com o povo no comando das ações através de comitês populares. Renunciou ao posto oficial de chefe de Estado em 1979, mas continuou a comandar a Líbia sob a denominação “Guia da revolução”.
Manteve-se no poder por 42 anos, em ditadura considerada uma das mais duras do mundo, com a proibição de bebidas alcoólicas e jogos de azar, a expulsão da comunidade judaica e a expulsão dos americanos vindos pela política pró-Estados Unidos do rei Idris. Seu governo foi marcado pelo apoio aos movimentos anti-americanos e anti-israelenses, como os Panteras Negras e o Fatah, além de ser acusado de envolvimento em atentados terroristas como o de Lockerbie, na Escócia, em dezembro de 1988, quando a explosão de um Boeing da PanAm deixou 270 mortos. Em 1992, a ONU impôs à Líbia um embargo aéreo e militar, seguido de sanções econômicas. Em troca da suspensão das medidas contra o país, o tirano líbio ofereceu, em 2002, uma indenização às famílias das vítimas americanas de Lockerbie.
Em meio às revoltas populares da chamada Primavera Árabe, e a ataques dos rebeldes da oposição Líbia, foi acusado de genocídio e pressionado a renunciar. Estava desaparecido desde agosto de 2011, quando tropas do Conselho Nacional de Transição conquistaram a capital Trípoli e invadiram seu quartel-general.
Felipe Schuery, em colaboração para a RFI
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