Tensão entre França e Itália sobre imigração é destaque de jornais
O encontro bilateral entre o presidente francês Nicolas Sarkozy e o chefe de governo italiano Silvio Berlusconi para discutir principalmente o tema da imigração, em resposta ao fluxo em massa dos refugiados do norte da África, ilustra as manchetes da imprensa francesa desta terça-feira. Europa, o retorno das fronteiras ? - questiona o Libération ao se referir à proposta dos dois líderes europeus de fazer uma revisão do tratado de Schengen que permite a circulação de pessoas em 25 países europeus.
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Segundo o Libé, a chegada de cerca de 20 mil tunisianos e 8 mil líbios clandestinos, que desembarcaram principalmente na ilha italiana de Lampedusa, pode destruir um dos pilares da construção europeia, ou seja, o acordo que permite às pessoas viajarem sem vistos ou passaportes em boa parte da Europa.
Em editorial, o Libé escreve que revisar o espaço Schengen é frear um dos aspectos de maior dinamismo da Europa e um símbolo da construção europeia, comparado à moeda euro. Para o jornal é também ceder ao discurso xenófobo e nacionalista. O “neopopulismo” é muito mais perigoso que alguns milhares de imigrantes clandestinos, afirma o Libé.
Já o Le Figaro defende a proposta do governo francês de revisão do espaço Schengen, afirmando que o acordo ficou desatualizado diante desse enorme fluxo de imigrantes. Em editorial o Le Figaro diz que a aplicação do tratado não se faz sem uma política europeia de imigração e sem a solidariedade de todo os países do bloco.
O econômico Les Echos afirma que a reunião entre Sarkozy e Berlusconi acontece num clima de extrema tensão, já que os dois países divergem sobre a maneira de acolher os imigrantes. A Itália critica a França por fechar suas portas aos clandestinos.
Segundo o Les Echos, de 2.800 tunisianos controlados pelo governo francês, 1.700 foram mandados de volta para a Itália. Para contribuir à discussão de um tema tão polêmico, o Les Echos publica reportagem onde mostra que a França, ao receber cerca de 100 mil estrangeiros por ano, é um dos países da Europa que menos acolhe imigrantes e, segundo constatou o jornal, eles pesam muito pouco no sistema social e no mercado de trabalho francês.
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