Pegos de surpresa, turistas brasileiros ficam sem ver Da Vinci no museu do Louvre
Museu adotou esquema de reserva online antecipada para quem quiser visitar a exposição mais badalada do ano em Paris, que abriu nesta quinta-feira (24) e vai até o dia 24 de fevereiro.
Publicado em:
Para evitar as filas quilométricas, que irritam turistas e funcionários, a direção do museu do Louvre, um dos mais visitados do mundo, decidiu que a exposição do célebre artista renascentista seria acessível apenas com ingressos comprados com antecedência. A estratégia funcionou: nesta sexta-feira (25) pela manhã, a fila para a mostra era pequena e os visitantes entravam em menos de 10 minutos, depois de passar pelo controle de segurança. Até agora, mais de 260.000 entradas foram vendidas pela internet – um recorde.
Muitos brasileiros de passagem por Paris, entretanto, foram pegos de surpresa e acabaram não tendo a oportunidade de admirar algumas das 162 obras do artista, que morreu há 500 anos. Este foi o caso de Cláudio e Gilda Violato, de Campinas (SP), que voltam a Paris depois de 40 anos. Eles chegaram nesta quinta-feira (24), dia de abertura da retrospectiva, à capital.
“Ficamos sabendo ontem da exposição, no caminho do aeroporto para o hotel. Viemos ao Louvre pedir mais informações mas nos disseram que é preciso reservar com um mês de antecedência. Não vamos tentar novamente, não vale a pena”, diz Cláudio, cujo conhecimento da obra de Da Vinci vai bem além da Monalisa e reconheceu estar um pouco decepcionado.
Esta é a segunda vez que Marcelo Oliveira, Glenda e Maria Clara, de São José Campos (SP), vêm a Paris – a primeira foi em 2018. Eles também sabiam que a exposição tinha começado nesta quinta-feira, mas não conseguiram comprar os ingressos. “Tentamos reservar pela internet, mas já estava cheio”, relata Glenda. “Estamos indo embora amanhã para o Brasil e não vai dar tempo.” A família elogiou a organização do museu e disse que esperava um movimento maior. “A fila está surpreendemente pequena, seja para entrar na mostra ou somente no Louvre”, disse Marcelo.
Geraldo Oliveira e sua cunhada, Ivana, de Goiânia (GO), estavam sentados no saguão do Louvre quando conversaram com a reportagem da RFI. Eles vieram visitar o museu mas só descobriram que a exposição de Da Vinci havia sido inaugurada na véspera quando chegaram ao local e viram os cartazes. “Foi coincidência”, diz Ivana. “Nem vamos tentar entrar”, declarou Geraldo. Segundo Ivana, outra cunhada dela, que é professora de Artes Plásticas e participa da viagem, aproveitou para visitar as inúmeras mostras permanentes.
Mona Lisa não será deslocada
A retrospectiva inédita no Louvre é uma das raras oportunidades de ver de perto quadros como “Santa Ana”, “São João Batista” e “Madonna Benois”, que foram emprestados pelo Museu Hermitage de São Petersburgo.
Ao todo, a mostra reúne 162 objetos, pinturas, desenhos, manuscritos e outros itens coletados junto a colecionadores, o Vaticano, a Itália e até a rainha da Inglaterra, que liberou 24 desenhos. Foram dez anos de pesquisa para reunir todo o material necessário. Uma das obras mais aguardadas é o “Homem Vitruviano”, exibido na Galeria da Academia de Veneza e emprestado pela Itália. A obra permanecerá apenas dois meses no museu do Louvre.
O prêmio de consolação para quem não conseguir entrar na mostra é nada menos do que a Mona Lisa, seu quadro mais conhecido. A Gioconda não será deslocada para a exposição e continuará na Sala dos Estados, para onde voltou recentemente, podendo ser admirada por todos os visitantes, mesmo aqueles sem ingresso para a retrospectiva. A Mona Lisa atrai, diariamente, 30.000 pessoas.
Para os os visitantes da retrospectiva, o Louvre propõe uma versão em 3D da obra, uma experiência imersiva de realidade virtual de sete minutos. Eles também podem, naturalmente, ver a Mona Lisa real, mas para isso precisam sair da mostra, em homenagem aos 500 anos do nascimento de Da Vinci, e entrar novamente no museu.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro