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Brasil

Brasilianistas denunciam situação do ensino no Brasil durante congresso em Paris

A Conferência "Todos índios doravante…", da historiadora francesa Emmanuelle Loyer, abre oficialmente nesta quinta-feira (18), em Paris, o 2° Congresso da Associação dos Brasilianistas na Europa (ABRE). Durante quatro dias, estudantes, pesquisadores e professores de diversos países europeus e também vindos do Brasil discutirão na EHESS (Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais), temas diversos relacionados ao país, além da situação do ensino superior brasileiro.

O 2° Congresso da ABRE reúne em Paris mais de 300 acadêmicos europeus e brasileiros.
O 2° Congresso da ABRE reúne em Paris mais de 300 acadêmicos europeus e brasileiros. Foto: RFI Brasil
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No total, 530 inscritos, sendo um terço de alunos, participam deste segundo Congresso, que é realizado a cada dois anos. O número é expressivo, comparado à primeira edição, também realizada em Paris, que reuniu 70 interessados.

“O primeiro objetivo é fazer com que os brasilianistas trabalhem entre si. Atualmente, cada um trabalha apenas com seus colegas brasileiros, com suas pesquisas, e interlocutores no Brasil. Ingleses, franceses, espanhóis, alemães, não trabalham juntos. Nossa ideia é aproximá-los e dividir seus  conhecimentos”, afirma Mônica Raísa Schpun, vice-presidente da ABRE e um das coordenadoras do evento. 

“O Congresso é importante porque consolida o trabalho, já realizado há alguns anos, de agregar essa comunidade de brasilianistas, tentando colocar em comum as pesquisas que estamos fazendo”, acrescenta Vinícius Mariano de Carvalho, do King’s College de Londres, e membro do comitê executivo da Associação.

“Esses brasilianistas trazem perspectivas diferentes de vários países europeus, do Brasil e também dos Estados Unidos, de temas ligados ao presente, mas também olhando para a História e pensando como fazer um país melhor no futuro”, destaca.

Para esta edição, o Congresso criou um Prêmio para contemplar a melhor tese sobre o Brasil realizada em universidades e instituições de ensino da Europa. O trabalho escolhido será anunciado nesta sexta-feira (20). Um júri externo formado por sete especialistas analisou as 19 teses escritas em cinco línguas diferentes e que foram selecionadas para o concurso.

“A escolha do vencedor foi uma tarefa muito difícil porque as teses são excelentes. Queremos continuar incentivando e valorizando os estudos sobre o Brasil na Europa”, diz Schpun.

"Desmonte das universidades públicas"

A situação política do Brasil, com ataques e críticas do governo ao ensino superior, além de cortes para as pesquisas e bolsistas, trouxe uma repercussão inesperada para o Congresso, segundo a coordenação do evento.  

“Todos os europeus que trabalham com o Brasil estão exprimindo sua preocupação profunda com o desmonte das universidades públicas e tentativas de censura e cerceamento do trabalho da pesquisa, do desrespeito aos direitos humanos, às minorias, a catástrofe que está acontecendo na Amazônia e com os povos indígenas. Todos aqui estamos preocupados e acolhendo os pesquisadores do Brasil para trocar ideias e pensar como este quadro pode ser revertido, porque isso atinge de frente a pesquisa sobre Ciências Humanos no Brasil”, afirma Schpun.

Cibele Rizek, do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, veio do Brasil para participar do painel Desigualdade e democracia: desafios brasileiros. Segundo ela, além da troca e discussões sobre temas relevantes das pesquisas, o Congresso é a oportunidade de dar mais visibilidade às dificuldades enfrentadas atualmente pelas universidades públicas brasileiras.

“É importante que pesquisadores de diversas áreas das Ciências Sociais venham aqui para tornar pública a enorme penúria de recursos, os cortes de verbas, a situação política que beira a possibilidade de catástrofe nas pesquisas das universidades brasileiras”, denuncia.

“É importante para que a gente possa coletivamente pensar e reagir porque a pesquisa é importante no Brasil e também no âmbito internacional”, finaliza Cibele.

 

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