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França/acidente

"Tenho vergonha pela Justiça do meu país", diz mãe de vítima do acidente do voo AF447

A Justiça francesa anunciou nesta quinta-feira (5) o arquivamento do processo contra a companhia Air France e o fabricante Airbus, acusados de homicídio involuntário pela queda do voo que matou 228 pessoas em 31 de maio de 2009

Cerimônia do 1° de junho de 2010, monumento em homenagem as vítimas do voo AF 447
Cerimônia do 1° de junho de 2010, monumento em homenagem as vítimas do voo AF 447 AF/ Virginie Valdois
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Em entrevista à rádio francesa France Info, a presidente da associação Entraide et Solidarité, Danièle Lamy, declarou que entrará com um recurso para cancelar a decisão da Justiça francesa de não levar adiante o processo contra a companhia aérea e o fabricante. “É absolutamente insuportável. A Justiça não tem nenhum respeito pelas vítimas e suas famílias”, diz. Segundo ela, o juiz não leva em consideração a totalidade dos elementos disponíveis para avaliar o caso. “Todas as provas estão no inquérito, mas o crime continua sem punição”, lamenta.

A presidente da associação acusa a ministra da Justiça, Nicole Belloubet, de ser vítima dos “lobbies da indústria aeronáutica e, mais particularmente, da Airbus.” Ela ressalta que há dois relatórios que evidenciam as falhas dos sensores Pitot. Os equipamentos congelaram em alta altitude e deram início à série de incidentes que culminaram na tragédia. O A330 despencou de cerca de 11.000 metros de altitude em menos de três minutos, em velocidade de cruzeiro, no meio do oceano Atlântico.

“Havia um questionamento sobre as falhas das sondas em agosto de 2008. Quando o acidente aconteceu, em junho de 2009, a Airbus proibiu as sondas. E agora dizem que cabia ao piloto compensar os erros técnicos desse avião!”, ressalta Lamy. Segundo ela, o “relatório judiciário de 2012 apontou problemas técnicos e humanos, e o de 2018, apenas humanos. Desta vez, os juízes só levaram em conta o segundo documento.”

“Arma do crime eram sensores defeituosos”

A representante da associação ressalta ainda que, em 2014, a Airbus “teve a desonestidade de testar sondas novas para juntar às provas no processo, sendo que a arma do crime eram os sensores defeituosos.” De acordo com Lamy, as famílias tentam há dez anos esclarecer o acidente, mas, repete, “os juízes estão influenciados pela indústria aeronáutica.”

 

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