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Imprensa francesa destaca suspensão de transferência de Lula

Os jornais franceses que chegaram às bancas nesta quinta-feira (8) destacam a decisão da justiça brasileira sobre a suspensão da transferência de Lula. Os altos índices recentes de desmatamento no Brasil foram outro tema abordado pela imprensa na França.

Le Monde deu destaque à situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Le Monde deu destaque à situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. RFI/Captura de tela
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O jornal Le Monde repercutiu a decisão do Supremo Tribunal Federal de suspender a transferência do ex-presidente Lula, de Curitiba para a penitenciária de Tremembé, a 150Km da capital paulista. Um Juiz de São Paulo havia indicado que o ex-presidente poderia ser transferido, no entanto o STF, numa votação ocorrida em menos de meia hora, decidiu por 10 votos a 1 manter Lula em Curitiba até que se conclua o pedido de suspeição do juiz do caso e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, acusado de conduzir o processo de forma parcial, segundo denúncia.

Le Monde lembra que em junho o site The Intercept Brasil publicou trechos de mensagens trocadas entre os procuradores da República, empenhados nas investigações de Operação Lava-Jato, e o juiz Moro que, posteriormente, foi convidado pelo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, a ser o ministro da Justiça.  

Aos 73 anos, Luís Inácio Lula da Silva foi acusado e condenado por favorecer empreiteiras em licitações públicas, e na negociata teria ganho um apartamento no Guarujá, litoral Paulista. A defesa nega veementemente, assim como os milhares de militantes e simpatizantes de Lula e seu governo, que, desde a sua prisão, mantêm um acampamento nas imediações da Sede da PF de Curitiba, como ressaltou Le Figaro.

Desmatamento recorde

A correspondente do Le Monde no Brasil, Claire Gatinois, repercutiu também os dados de terça-feira (6) apontando para um recorde de desmatamento, chamando atenção para “o jogo perigoso de Bolsonaro”, ela escreve. Segundo dados, os números deste mês de julho são quatro vezes superiores ao mesmo período do ano passado, apesar das “mentiras” proferidas pelo presidente. Segundo ela, os satélites revelam uma “implacável realidade”.

A reportagem afirma que 6 833 Km2 de floresta virgem foram destruídos em um ano, o equivalente a 65 vezes o perímetro da cidade de Paris, ou quase toda a extensão da ilha da Córsega. A correspondente lembra que os números foram divulgados menos de uma semana após a demissão do diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, acusado pelo próprio presidente Bolsonaro de “complô”. Bolsonaro nega os números, e o ministro de meio ambiente, Ricardo Salles, refuta o tom alarmista dizendo que os números estão corretos, porém, mal interpretados.

Le Monde ainda rememora a “indelicadeza” de Bolsonaro ao cancelar o encontro com o chanceler Francês, Jean-Yves Le Drian, que foi ao Brasil para tratar, dentre outros assuntos, dos temas ecológicos, como o acordo de Paris, prerrogativa para que o tratado de livre comércio Mercosul-União Europeia seja assinado. Bolsonaro acusa governos internacionais de terem interesses espúrios na Amazônia, e que este entrave ao “desenvolvimento econômico” na região, que envolve a preservação das reservas indígenas, é cínico pois os “índios não querem viver em um estado pré-histórico”. No mesmo ritmo dos desmatamentos estão os cortes nos recursos de entidades de preservação da floresta e dos povos indígenas, como o Ibama e a Funai, conclui Claire Gatinois.

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