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Paris / Manifestação / Economia

Entregadores de aplicativo de comida fazem greve em Paris

Os entregadores do aplicativo britânico Deliveroo, que atua na França desde 2015 no mercado de entregas de comida via smartphone, decidiram entrar em greve nesta quarta-feira (7). Eles protestam contra o novo sistema de remuneração adotado pela companhia.

Entregadores do aplicativo Deliveroo em Paris
Entregadores do aplicativo Deliveroo em Paris Deliveroo/ Divulgação
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“Quero sair desse emprego há mais de um ano, mas não encontro nenhum outro”, afirmou o entregador Bruno que trabalha como autônomo para o aplicativo Deliveroo. Ele faz parte dos que estiveram com suas bicicletas na praça da República em Paris, nesta quarta-feira (7), para manifestar contra as novas tarifas de remuneração usadas pela plataforma britânica.

“Cheguei a ver colegas ganhando somente € 3,20 por entrega”, disse Bruno, que confirmou que o valor das corridas está baixando. Em sua última entrega, onde ele teve que percorrer mais de dois quilômetros, Bruno faturou € 4,35. “Antes do novo sistema, era impossível receber menos do que € 4,70”, ressaltou o entregador. 

Sem valor fixo por hora trabalhada

Bruno ganha por pedido, mas não recebe um valor fixo, por hora trabalhada. “O problema é que muitas vezes tenho que esperar quase 20 minutos para que o pedido fique pronto. Já houve uma vez em que uma pizza demorou uma hora para ser preparada”, revelou.

Jérôme Pimot, ex-entregador do Deliveroo, fundou o Coletivo de Entregadores Autônomos de Paris (CLAP) para negociar melhores condições de trabalho para a categoria. “As coisas mudaram muito nos últimos anos. No início nós recebíamos € 7,50 por hora, mais € 4 por corrida. Agora, algumas corridas podem chegar a custar € 2,60 e não recebem nenhum fixo por hora”, criticou.

O aplicativo Deliveroo afirmou que o novo sistema remunera melhor os entregadores que aceitam corridas mais distantes. Mas Bruno não concordou com o argumento da companhia. “O real problema é que ninguém quer aceitar pedidos grandes já que demoram mais para sair e acabamos ganhando menos por hora trabalhada”, afirmou. “É mais rentável fazer duas pequenas entregas rápidas e é menos cansativo do que um pedido maior e único”, completou.

Atos em outras cidades francesas

Para Jérôme Pimot, o movimento de contestação deve continuar a crescer em toda a França. “Esta não é a primeira vez que entregadores fazem protestos. Em 2017 em Marselha, um movimento parecido chegou a acontecer, mas durou pouco, com representantes do aplicativo pressionando e ameaçando contratar novos entregadores em massa. Desta vez, todos os atos estão acontecendo ao mesmo tempo. Cidades como Toulouse, Nice, Bordeaux, Nantes e muitas outras estão tendo protestos”, afirmou.

“Convidamos também os clientes a boicotar a plataforma a partir de agora, até que encontros oficiais com os dirigentes aconteçam. Fazendo pedidos nos aplicativos concorrentes, os clientes estarão nos apoiando”, concluiu Jérôme Pimot.

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