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“Workaholic”, Balzac tinha a pulsão de retratar a França do século 19, diz pesquisadora

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A literatura francesa sempre teve um espaço preponderante no Brasil. Victor Hugo, Albert Camus, Gustave Flaubert. A lista de escritores admirados pelos brasileiros é longa e inclui também Honoré de Balzac. Glória Carneiro do Amaral, professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie e especialista no autor de Ilusões Perdidas, realiza pesquisas em Paris para participar de um projeto de reedição da obra do francês no Brasil.

A pesquisadora Glória Carneiro do Amaral
A pesquisadora Glória Carneiro do Amaral RFI
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Escritor do cotidiano e da sociedade francesa do século 19, o “pai do realismo” era um homem conservador, monarquista numa França que poucas décadas atrás tinha acabado de decapitar a cabeça do rei, mas que ainda hesitava em instaurar a República e cogitava voltar ao Antigo Regime.

“Ele explorou todas as veias desse período: fala da aristocracia, da burguesia, do funcionalismo público. Era fiel ao que ele estava falando, o momento da Restauração na França”, explica Gloria.

Balzac é conhecido por ser um escritor fervoroso: em 20 anos, escreveu 90 novelas, 30 contos e 5 peças de teatro – o que críticos da sua obra associaram à sua obsessão em se tornar rico e famoso. Glória, porém, discorda. “Ele tinha esse desejo, mas na verdade tinha uma pulsão de retratar a França do século 19, sob todos os aspectos: religiosos, místicos.”

“Balzaquiana”: expressão popular no Brasil, mas desconhecida na França

A pesquisadora constata que, embora vasta, a obra de Balzac é pouco conhecida no Brasil – ao contrário da expressão “mulher balzaquiana”, que faz referência ao seu romance A Mulher de 30 Anos.

“É curioso porque essa expressão, aqui na França, não se usa muito. A ‘balzacienne’ é uma pesquisadora em Balzac. Eu sou uma balzacienne”, observa a professora da Mackenzie. “No Brasil, se tornou sinônimo de uma mulher madura – que hoje nem é mais uma mulher de 30 anos, mas, graças a todos os produtos [de beleza] e tudo mais, poderia ser uma mulher de uns 50. Uma cinquentona”, brinca a doutora em Língua e Literatura francesas.

 

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