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Subúrbio de Paris protesta contra discriminações em 1ª Parada LGBT da Periferia

Aconteceu neste domingo (9) a 1ª Parada LGBT da Periferia de Paris. A manifestação ocorreu na cidade de Saint-Denis, considerada pelos participantes como um símbolo da região metropolitana da capital francesa, com uma grande população de origem estrangeira. Cerca de 1500 pessoas estiveram presentes, segundo as autoridades.

Manifestantes carregam faixa "Sem racismo no nosso orgulho".
Manifestantes carregam faixa "Sem racismo no nosso orgulho". RFI/Marcos Fernandes
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A marcha foi organizada pela associação Saint-Denis Ville au Cœur e tinha dois objetivos precisos. O primeiro era chamar a atenção para o fato de que as pessoas LGBT das cidades vizinhas de Paris sofrem com problemas específicos a esses locais. O segundo era, paradoxalmente, mostrar que nem só de sofrimento vivem os moradores dessas áreas.

Yanis Khames, um dos idealizadores da manifestação, afirma que era importante criar um espaço de "visibilidade" para as pessoas LGBT que moram nessas áreas. "Elas não vivem apenas com a homofobia, mas também com o racismo e o preconceito de classe", afirma o estudante da Universidade Paris 8. "Somente pelo fato de morar no subúrbio, essas pessoas já sofrem. Então era preciso dar a elas uma plataforma."

Bandeira LGBT em Saint-Denis.
Bandeira LGBT em Saint-Denis. RFI/Marcos Fernandes

Para o vereador Madjid Messaoudene, os moradores dessas áreas se sentem ainda mais inseguros pelo fato de terem suas experiências ignoradas. Ele também critica a visão simplista dos subúrbios, enxergados como locais hostis à diversidade.

"Quero lembrar que as pessoas que atacaram barracas LGBT e que protestaram contra o casamento homoafetivo e o direito ao aborto pertencem à ‘Manif Pour Tous’ [movimento conservador francês]. Aqueles que desfilaram contra o casamento homossexual não vinham de bairros populares. São pessoas brancas e católicas em maioria", ressalta. “Há reacionários por toda a parte, mas os mais organizados politicamente estão em Versalhes, não em Saint-Denis.”

Evento histórico

Vénus, estudante da Sorbonne, prostituta e moradora de Saint-Ouen, cidade vizinha de Saint-Denis, veio mostrar que “a fronteira da periferia não separa a capital da homofobia e da transfobia 'que existe do lado de lá'”. “Sou agredida da mesma forma, dentro ou fora de Paris”, afirma.

Moradoras assistem à Parada LGBT da janela.
Moradoras assistem à Parada LGBT da janela. RFI/Marcos Fernandes

A marcha saiu da Praça da Resistência e da Deportação e seguiu até a Basílica de Saint-Denis. No percurso, alguns percalços: os manifestantes tiveram que se desviar de carros e de um bonde elétrico em ruas que não foram previamente fechadas, gerando críticas à organização e à prefeitura da cidade.

Em um determinado momento, os participantes se encontraram em um local mais movimentado, onde um homem gritou que “relações homoafetivas eram contra a natureza”. “Eles podem fazer o que quiserem, mas o normal é um homem e uma mulher. Entretanto, eles têm o direito de manifestar”, disse Ramzi, morador de Saint-Denis.

Evento reuniu cerca de 1500 manifestantes.
Evento reuniu cerca de 1500 manifestantes. RFI/Marcos Fernandes

Para a manifestante Franciella, essa primeira Parada LGBT na cidade foi histórica. “As pessoas achavam que não ia ter muita gente, que os moradores seriam hostis, mas não foi o caso”, diz. “Devíamos ter feito isso há muito mais tempo. Em Saint-Denis, existe uma diversidade de nacionalidades e classes sociais, tem de tudo, foi muito importante ter feito esse evento aqui.”

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