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França/UE

Parlamentares franceses pedem CPI de financiamento do partido de Marine Le Pen por Steve Bannon

Diversos deputados e senadores franceses pedem a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o financiamento do partido de extrema direita Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, que lidera as pesquisas na França para as eleições de renovação do Parlamento Europeu em 26 de maio. Uma reportagem do canal France 2 exibida na última quinta-feira (9) indicou os laços entre o partido e o estrategista ultraconservador Steve Bannon, que ajudou a eleger Donald Trump à Casa Branca.

Marine Le Pen, presidente do partido de extrema direita RN, durante a apresentação do programa da legenda para as eleições europeias de fim de maio, em Estrasburgo.
Marine Le Pen, presidente do partido de extrema direita RN, durante a apresentação do programa da legenda para as eleições europeias de fim de maio, em Estrasburgo. REUTERS/Vincent Kessler
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As imagens vistas na reportagem (vídeo disponível abaixo) foram filmadas pela documentarista americana Alison Klayman. Ela acompanhou Bannon, ex-conselheiro de Trump na Casa Branca, ao longo de um ano, quando preparava o documentário "The Brink" – algo como "À Beira do Abismo". Ela pôde filmar um encontro ocorrido em Londres, no hotel Brown's, que reuniu Bannon e dois dirigentes do partido de Marine Le Pen – Louis Aliot, companheiro da deputada e número 2 do partido, e Jerôme Rivière, secretário de Relações Internacionais da sigla.

A documentarista relata na reportagem ter constatado que os franceses do RN procuraram Bannon como consultor, "mas rapidamente as conversas passaram para as finanças do partido". Eles entregam a Bannon documentos da legenda e, na sequência, o estrategista pergunta se € 2 milhões (R$ 8,9 milhões) correspondem às despesas correntes do partido em julho e agosto de 2018. Naquele momento, Bannon pede à documentarista para parar de filmar e deixar o recinto. Outra cena exibida na mesma reportagem mostra os emissários do RN pedindo para Bannon participar de reuniões entre Marine Le Pen e um grupo de altos funcionários franceses próximos da legenda.

Os senadores Rashid Temal (PS) e Nathalie Goulet (UDI), bem como os deputados Jean-Michel Mis (LREM, partido do presidente Emmanuel Macron), Vincent Ledoux (Agir) e Bertrand Pancher (Liberdade e Territórios) confirmam a intenção de convocar uma CPI, ideia lançada pelo ex-ministro sarkozista Frédéric Lefebvre, vice-presidente do partido de centro-direita Agir, aliado da maioria presidencial.

De acordo com o deputado Jean-Michel Mis, a CPI deve "esclarecer esse caso, cujo objetivo é semelhante a uma conspiração internacional contra os interesses da França". O senador Rachid Temal quer, por sua vez, verificar a possível existência de "ação de inteligência com uma potência estrangeira", reprimida pelo Código Penal francês.

Marine Le Pen fala em difamação

Marine Le Pen nega qualquer irregularidade. Ela afirma que o grupo de consultores citado na reportagem chama-se Horace, um coletivo de funcionários públicos do alto escalão, empresários e ex-membros de ministérios, que, segundo ela, prestam consultoria "anonimamente" ao RN. A líder de extrema direita afirma que Bannon ofereceu ajuda para seu partido encontrar um banco europeu disposto a financiar a campanha, o que não teria dado certo, de acordo com a deputada.

A presidente do RN nega qualquer financiamento americano na campanha de seu partido às eleições europeias e afirma que vai processar três parlamentares por difamação. Para evitar ingerências externas, desde 2018 a legislação francesa proíbe os partidos de aceitar doações provenientes do exterior e levantar empréstimos em instituições estrangeiras.

Bannon não esconde seu interesse em ajudar a direita nacionalista na Europa. Depois de deixar a Casa Branca, ele realizou várias viagens a países europeus. Ele se aproximou do ministro do Interior e número 2 do governo na Itália, Matteo Salvini, líder do partido de extrema direita Liga. O americano também estabeleceu laços com o primeiro-ministro nacionalista ultraconservador da Hungria, Viktor Orbán, e continua próximo do britânico Nigel Farage, fundador do Partido do Brexit.

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