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Entre arqueologia e performance, jovem artista brasileira Manoela Medeiros estreia individual em Paris

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Artista contemporânea, a carioca Manoela Medeiros, 28, estudou na Escola de Belas Artes de Paris e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Ela abre ao público, no próximo 17 de maio, sua primeira exposição individual na capital francesa, com o título L'être dissout dans le monde (O ser dissolvido no mundo, em português).

A artista contemporânea brasileira Manoela Medeiros.
A artista contemporânea brasileira Manoela Medeiros. RFI
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"Escolhi o título 'O ser dissolvido no mundo' porque não queria falar sobre o Homem dissolvido no mundo; a ideia do ser implica um homem, um animal, uma coisa, uma matéria orgânica, para mudar a percepção de quem está no poder", conta Manoela Medeiros, que trabalha com suportes variados.

A jovem artista brasileira conta que prefere trabalhar in situ, dentro e a partir dos espaços. "Muitas vezes realizo escavações, escavo a parede dos espaços e as uso como matéria-prima em meu próprio trabalho. Realizo instalações, pinturas, é um campo muito grande", afirma.

Uma das matérias-primas de Manoela Medeiro é justamente uma anti-matéria: as ruínas, as memórias. "Evoco essas presenças de diferentes formas, muitas vezes pela própria ação da ruína - por exemplo, a decomposição de uma matéria orgânica ou de uma parede. A ruína me interessa muito a partir de sua ligação com a arqueologia, que mostra o tempo todo que as histórias são contadas de diferentes pontos de vista", analisa a artista.

Toda vez que a gente descobre uma nova escavação, toda a História é recontada", lembra a artista. "Para mim os arqueólogos são como astronautas da Antiguidade", diz. "Isso mostra que o mundo está em constante mutação e disputa de narrativas", diz Manoela.

Muros que desabam

O muro parece ser uma alegoria, uma metáfora da contemporaineidade dentro da obra de Manoela Medeiros, cuja última exposiçõa, em Marselha, em 2017, se chamava Falling Walls, ou seja, muros que desabam, que caem.

"O muro é físico, mas ele está instrínseco em diferentes formas invisíveis das relações humanas. Como vestimos nossa personalidade, como nos apresentamos no meio dos preconceitos, então, a ideia foi mesmo de quebrar esse muro. Não é só o espaço da galeria que está sendo quebrado", diz.

"Isso também significa quebrar estereótipos, pressupostos. Todas estas relações são intrínsecas", completa. Na obra de Medeiros, existe um gesto de arqueologia, com sobreposições e escavações, mas também uma intenção de performance, quando ela desloca e ressignifica fragmentos urbanos em seus trabalhos.

"As escolhas são feitas em locais abandonados, ruínas, mas não ruínas históricas. Me interessam casas que são abandonadas, que foram pintadas por mãos que eu não conheço, com escolhas pré-definidas. Uma ruína é um estado da arquitetura muito vivo, ela permite que a chuva entre, que os insetos comecem a tomar conta desse espaço e a também modificar essa superfície", conclui.

 

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