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A Semana na Imprensa

Evangélicos concorrem com muçulmanos em busca de novos fiéis nas periferias francesas

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A revista francesa Le Point desta semana traz uma reportagem sobre a ação das igrejas evangélicas nas periferias do país. O texto mostra como em alguns bairros populares os evangélicos concorrem com os muçulmanos radicais na tentativa de converterem o maior número de fiéis.

Fiés durante missão de evangelização em estação de trem de periferia parisiense
Fiés durante missão de evangelização em estação de trem de periferia parisiense Reprodução/Le Point
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A reportagem acompanhou um grupo em plena missão de evangelização nos arredores de uma estação de trem em uma cidade da periferia de Paris onde a comunidade muçulmana é maioria. “A receptividade é boa”, relatam os jornalistas.

O único limite para a ação de evangelização são os ‘barbudos’, comenta uma das fieis, explicando a dificuldade de abordar os praticantes do Islã. Mesmo assim, “os muçulmanos mais jovens conversam conosco, alguns aceitam visitar a igreja e outros até se convertem”, comemora uma evangélica ouvida durante a reportagem.

As periferias francesas têm assistido nos últimos anos um crescimento exponencial do número de salafistas, adeptos do movimento ortodoxo ultraconservador dentro do islamismo sunita. Segundo a reportagem, eles passaram de 5.000 em 2004 para 50.000 no ano passado.

Porém, a presença protestante também tem aumentado. Segundo o Conselho nacional de evangélicos da França, o país tinha 2400 templos em 2015. Mas os últimos números apontam para uma aceleração, com uma nova igreja evangélica abrindo suas portas a cada dez dias no território francês.

Le Point chegou a encontrar alguns muçulmanos que se converteram. Como uma africana de 60 anos que se tornou evangélica em 2016. “Toda a minha família é muçulmana, mas eu não gostava nem do véu islâmico, nem da mesquita”, relata. “Para mim, o ramadã era um calvário”, desabafa a nova evangélica, em referência ao jejum muçulmano. Ela também confessa nunca ter entendido muito bem os princípios do Islã, religião que aprendeu em árabe, mesmo sem falar o idioma. Para a entrevistada, “a ruptura veio quando seu marido quis impor a poligamia”, conta a revista.

Estratégias de marketing político

A reportagem também relata como alguns evangélicos usam bíblias em árabe para se aproximar dos muçulmanos, afim de atingir diretamente seus alvos em bairros onde essa comunidade é bastante presente. “O discurso de recrutamento das religiões que praticam proselitismo é muito parecido com o das campanhas de marketing dos movimentos políticos”, já que sempre buscam um público preciso, explica a reportagem.

Segundo Didier Pachoud, fundador de um grupo de estudos sobre o tema entrevistado pela revista, tanto igrejas evangélicas como os muçulmanos fundamentalistas se aproveitam de uma fragilidade social, como o desemprego, para recrutar novos fiéis. “Em um mundo de incertezas, os fundamentalistas tranquilizam, pois eles são muito seguros de si”, comenta o especialista nas páginas da revista francesa Le Point.

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