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França/protestos

Extrema direita era minoria em protesto marcado por violência em Paris

Quem são os black-blocs que participaram dos protestos de sábado (16) na avenida Champs Elysées, em Paris, ao lado dos “coletes amarelos”? A RFI entrevistrou o historiador Sylvain Boulouque, professor na universidade de Cegy-Pontoise, especialista em comunismo, anarquismo, sindicalismo e extrema esquerda, que falou sobre as particularidades do movimento na França.

A polícia interveio para dispersar black blocs que invadiram a passeata em Paris no sábado.
A polícia interveio para dispersar black blocs que invadiram a passeata em Paris no sábado. REUTERS/Benoit Tessier
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Desde seu início, em 17 de novembro, o movimento dos “coletes amarelos”, que surgiu para protestar contra a alta dos impostos sobre os combustíveis, vinha perdendo fôlego e participantes. Neste sábado (16), entretanto, a violência voltou a tomar conta da avenida Champs Elysées, com lojas quebradas, bares e restaurantes destruídos, além de outros estragos. Em cena, os chamados “black blocs”, baderneiros anônimos que se infiltram em protestos variados promovendo tumulto e quebra-quebra.

Qual é o perfil desses manifestantes? Segundo Sylvain Boulouque, os “black-blocs” são militantes da esquerda radical anticapitalista que, através de um certo número de ações, atacam símbolos do sistema capitalista, como lojas luxuosas ou restaurantes. “A questão é que, desta vez, os protestos atingiram uma proporção um pouco mais importante do que de costume”, avalia o historiador francês. Em geral, explica, eles têm entre 20 e 30 anos, e tem um método similar: vestir-se de preto para enfrentar a polícia.

Segundo ele, um fenômeno interessante a ser notado é que, desta vez, os “coletes amarelos” se mostraram favoráveis aos black blocs e chegaram a mostrar simpatia pelo movimento no sábado, quando os violentos manifestantes se uniram, sempre com o objetivo de atacar a polícia.

“Pode ser que uma parte dos 'coletes amarelos' se fundiu aos black blocs e agora participa desse movimento”, ressalta. Segundo ele, alguns “coletes amarelos” reagiram da mesma maneira que os militantes de extrema esquerda, agindo com o rosto descoberto e prontos para enfrentar as forças de ordem e “atacar a riqueza da avenida parisiense”, explicou. O professor francês lembra que um protesto é diferente do outro e “é difícil prever o que vai acontecer”. Outra hipótese é que alguns “coletes amarelos” possam ter se radicalizado.

Ausência da extrema direita

De acordo com o especialista francês, a extrema direita não estava presente nas ruas neste sábado (16). Isso não significa, entretanto, “que não retornarão às ruas ou que a natureza do movimento não possa mudar. “Esse é um movimento extremamente versátil, que muda de uma semana para outra, e até mesmo durante uma manifestação. Não são necessariamente as mesmas pessoas no início e no fim, e nem na confrontação com a polícia”, declara.

Para ele, identificar os manifestantes é uma missão quase impossível. “Eles não se mostram publicamente e ninguém assumirá abertamente que participou de uma manifestação”, ressalta. Proibir os protestos na Champs Elysées, como cogitaram alguns políticos, também não é a solução. O historiador acredita que isso não impedirá os black blocs de se manifestar em outros locais de Paris. A lei “anti-casseurs” (contra os baderneiros), votada pelo Senado francês também não deverá vai intimidá-los, acredita o especialista francês.

 

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