Acessar o conteúdo principal
França/Justiça

Justiça francesa encerra investigação sobre queda do voo AF477 Rio-Paris

O acidente, que completa dez anos em 1° de junho deste ano, deixou 228 mortos e gerou polêmica em relação ao que aconteceu de fato na noite em que o Airbus 330 despencou no meio do oceano Atlântico. As conclusões da tragédia podem ser divulgadas em setembro se a Justiça não pedir novos laudos.

Cerimônia em homenagem às vitimas do voo da Air France, em 2009.
Cerimônia em homenagem às vitimas do voo da Air France, em 2009. AFP/Air France
Publicidade

Com o fim das investigações, as famílias das vítimas esperam que a empresa Air France e o construtor Airbus sejam responsabilizados e levados ao tribunal. Essa hipótese, entretanto, é pouco provável. Fontes ouvidas pela RFI Brasil acreditam que apenas a companhia aérea irá a julgamento, o que, para muitos familiares, é inadmissível.

A queda do voo AF447 começou com uma falha técnica nos chamados sensores Pitot da aeronave, que medem a velocidade do avião e congelaram em alta altitude e afetou o computador de bordo. Isso provocou o envio de informações errôneas aos pilotos, que tentaram evitar a tragédia. Confusos, e em pilotagem manual, eles executaram uma manobra equivocada que levou à perda de sustentação do aparelho e à queda.

O relatório final do BEA, a agência de investigação e análise da aviação civil francesa, divulgado em 2012, concluiu que o acidente foi provocado por um erro de pilotagem e a tripulação deveria ter sido capaz de reverter a situação.

Uma conclusão parecida está se delineando na investigação da Justiça.“Temos um primeiro relatório que responsabiliza claramente a Air France e a Airbus, e outro documento que ataca os pilotos”, declarou à agência francesa AFP o advogado Sébastien Busy.

“As famílias aguardam com paciência e determinação um processo no qual Air France e Airbus expliquem sua responsabilidade”, reagiu, em um comunicado, a associação Entraide et Solidarité, a principal de ajuda às vítimas. As duas empresas foram indiciadas, em 2011, por homicídio culposo. As partes têm um prazo de três meses para fazer suas observações ou pedir novos laudos. Caberá ao juiz acatar os pedidos ou arquivar o processo.

Batalha de especialistas

A "novela" do AF447 gerou uma batalha na Justiça e entre especialistas. As famílias denunciam a pressão econômica exercida pela Airbus. Em 2012, o primeiro laudo, mais equilibrado, apontou problemas técnicos e problemas nas informações transmitidas aos pilotos no caso de falhas nos sensores. A Airbus solicitou um novo laudo, que salientou a “reação inapropriada da tripulação” e a negligência da Air France, que contestou as conclusões.

O último documento encomendado pela Justiça, entretanto, entregue em 2017, suscitou novamente indignação. Os especialistas, como o BEA, concluem que a “causa direta” do acidente foram as ações inapropriadas dos pilotos. A Air France criticou na época o fato que os pilotos mortos no acidente fossem responsabilizados, e disse que iria lutar para “preservar a memória” de seus funcionários.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.